31.5.09

porque fica no ouvido e faz bater o pé

porque soa a musiquinha de Verão e carrinhos de choque

porque me dá vontade de comer gelados e tangerinas frescas

porque gosto

30.5.09

Noite estrelada


Eram precisamente vinte e duas horas e a sangria de morango servia de engano e cúmplice do calor que tão bem faz ao espirito. Esse, que fica mais livre e acede com mais facilidade. Afinal, é agora ou nunca. Isto ou nada.

Pagasse a conta com direito a desconto pela boa disposição que imperava na mesa. ATM e de seguida táxi.
Em contrariedade à realidade, mais um cúmplice feito, desta, ao volante, apita e acelera pela Avenida da Liberdade em direcção ao Cinema São Jorge. Ao chegar, a correria à bilheteira sem prestar atenção ao que estava afixado.

Eu:
São dois bilhetes por favor!
Ele:
Está Esgotado.
Eu:
Está Esgotado?!
Ele:
Franze a sobrancelha direita e encolhe os ombros em confirmação.
Eu:
Baixo a cabeça e pouso as mãos no balcão enquanto penso que a Rita conseguiu Esgotar dois dias seguidos!
Levanto a cabeça e digo com sinceridade e um sorriso nos lábios: fico feliz por ela!

Ainda com os ombros dois níveis abaixo do normal, desço as escadas com a desilusão tatuada na alma.
Já na calçada, olho para trás em modo de despedida do único lugar, onde, na realidade, sempre quis estar. Quando vejo o portador da má noticia, sair da cabina e correr até uma mesa que se encontra no Hall do São Jorge. Fala com uma menina e vejo que ela lhe entrega algo. Fazemos contacto visual, ele vem ter comigo e entrega-me dois Vachier-Produção dizendo: bom concerto!

Será isto real? Não estou a sonhar?

OBRIGADA! OBRIGADA! OBRIGADA!

Subo as escadas em correria e em direcção à música que já se faz ouvir. Lá dentro, nem mesmo a elevada temperatura faz esmorecer a alegria te estar a ver, linda e encantadora nos teus sapatinhos vermelhos.
Acomodo-me, e assim que termino de perguntar se já tinha tocado Choose Love, começam a soar os acordes! Ao rubro e com os olhos já meios húmido da emoção que é muita, atrevo-me a acompanhar a Rita nesta letra por mim tão sentida.

O concerto foi para além do que aqui possa descrever.

Venero essa tua Arte Musical. Sou tua fã e quero contagiar o Mundo com esta alegria que sinto cada vez que te ouço.
Um grande obrigada ao imprevisto, ao calor, à sangria, ao amigo que acedeu em acompanhar uma vontade minha, ao condutor de táxi, e principalmente, ao meu anjo da guarda que faz um part-time nas bilheteiras do Cinema São Jorge. Vocês fizeram-me chegar ao principal.

Foi ás onze horas e quarenta e seis minutos, que saí do segundo dia consecutivo de concertos Esgotados, da Rita Redshoes no Cinema São Jorge.



27.5.09



a

mão

aparece

quando

menos

esperamos

25.5.09


...uma singular poesia musical...

Cannes 2009 #2

O Festival de Cannes 2009 acabou ontem com a entrega dos prémios comprovando o interesse da crítica em mostrar novos talentos do Cinema e, sem dúvida, que temos grande impaciência em descobrir alguns dos filmes premiados.

Michael Haneke recebe a Palma de Ouro por White Ribbon, uma Obra-Prima de desolação.


Un Prophète, recebe o Grande Prémio do Juri de Cannes.

Brillante Mendoza surpreende como Melhor Director por Kinatay, uma Obra-Prima brutal e sensorial.

Anticristo, o ensaio de perversão e tortura de Lars Von Trier, conquista o Premio de Melhor Actriz em cannes para Carlotte Gainsbourg.


Christoph Waltz, o carrasco nazista de Inglourious Basterds foi eleito o Melhor Actor.

Não querendo deixar de referir alguns filmes esquecidos pelo júri, como: Taking Woodstock de Ang Lee e, sobretudo, Vengeance de Johnnie To assim como Enter the Void de Gaspar Noé e Los Abrazos Rotos de Pedro Almodover.
O meu destaque vai indispensável para a vitória portuguesa na Palma de Ouro de Curtas-Metragens, João Salaviza arrecadou o galardão com Arena. Uma obra de 16 minutos sobre um rapaz num bairro social de Lisboa.
Pelo mesmo trabalho o Realizador de apenas 25 anos, já tinha sido premiado no IndieLisboa.



24.5.09

são cinco minutos e trinta e quatro segundos de inércia induzida e de coração apertado.

é beleza que se desfaz sozinha

não mexer

O sabor da Melancia




não tenho um tostão
mas coração isso tenho
e este coração te afianço
é amoroso e caloroso
mas tão triste e desgraçado
fui tantas vezes traída
por homens brutais
e esgotados
tantas vezes humilhada
e portanto
aconteça o que acontecer
desistiria de tudo
antes de voltar
a entregar o meu coração
e assim
acabou-se

não tenho um tostão
a alma venderia
para manter puro o meu coração

aqui, a melancia serve de código aos namorados, permite exprimir aquilo que não conseguimos dizer: uma melancia amarela pequena, significa que são só bons amigos; uma grande melancia vermelha, significa que estão loucos de amor; e os melões normais, não obstante o seu tamanho reduzido, são reservados para as mais ardentes das paixões.

duma misógina romântica gritante, mas assim mesmo, intrigante. obrigatório ver sem pudor.

a memorável cena final que muitos irão rejeitar, mais do que uma transgressão surrealmente erótica, representa para mim, uma expressão de Amor que se insere perfeitamente no contexto de Tsai Ming-liang. Uma reformulação de elementos apresentados ao longo do filme, num extravagante momento de conexão.

sumo de melancia, pura lúruria em estado liquido.

23.5.09

simplesmente desconcertante




na Radar a auscultar Paixão, o sistema sensitivo está mais alerta. Impossível ficar indiferente, faz arrepiar!

Vicissitudes, soberba e um evoluir da espécie

Com soberba o passo foi dado, mostrando que é impossível descolar uma história de vinte e quatro anos como um penso rápido.
A gargalhada como cicatriz da cumplicidade ainda entranhada na pele, não obrigando, o uso de pinças.
Com a sequência invertida entre a gargalhada e o tom sério consequente, a circunstância foi adulterada. Talvez por culpa do que não pode ser descrito. Talvez porque assim se impunha.

Digo ao Mundo que me fazes falta. Sem ti, fico sem validação de coisas muito minhas, coisas que foram contadas só a ti, coisas que só tu viste. Mas também digo, que se alguém, algum dia, conseguiu por conhecimento adquirido ou errada presença, escarafunchar e infligir mais dor, esse alguém, foste tu.

A dualidade sentida por tal vivência pode ser dolorosa. Se me recordas o bom também me recordas o mal.

Mas, contudo, fazes-me falta.

Todas as vicissitudes passadas são naturais no evoluir da espécie.

Sempre fomos tão iguais de gosto que metia nojo. Vejo com alegria que o tempo que tivemos afastadas, foi proveitoso para a nossa individualidade. Vejo, que ambas esmurrámos as circunstancias de forma a tirar o melhor.

Sei que já não somos uma dose dupla e farta, mas seremos sempre uma boa dupla.



Louise, no matter what happens, I'm glad I came with you


21.5.09

semi-louca, de uma pureza cem por cento autêntica

Neste Mundo tão absurdo. Em que o tempo é algo irracional. Em que a qualquer momento acontecem coisas tremendamente dramáticas e aborrecidas, por vezes, preciso mergulhar até ás profundezas de mim própria, mergulhar, mergulhar, fechar-me, fechar-me, para então ser livre!
Quero conseguir colocar-me numa bonita posição que convide o sentimento poético, e não, uma prosa enfadonha.

Com isto, não julgo estar a divagar num estado de semi-loucura, a ironia é que, se estivesse, de facto, semi-louca, na verdade isso ser-me-ia a gosto.
Acredito que a derradeira loucura, se encontra na normalidade, na regra.
Na normalidade todos parecem, inacreditavelmente ridículos por pensamentos monótonos e mecânicos.

Desaparece a boa razão.

Se a este estado se pode chamar de semi-loucura, então que seja semi-louca. Semi-sonhadora. Semi-idealista. Só não me reste ser semi-inerte!


18.5.09

Balzac et la Petit Tailleuse Chinoise

Na China maoísta dos anos setenta, em plena revolução cultural, Dai e Luo, dois estudantes, amigos de infância e ambos filhos de médicos, são afastados das suas famílias respectivas e mandados para um campo de reeducação nas montanhas da província de Sichuan. Na aldeia vizinha, os dois rapazes travam conhecimento com uma jovem costureirinha inculta. Luo não tarda a se apaixonar loucamente por ela…

Dado este filme tratar parcialmente da revolução cultural, o governo chinês hesitou antes de dar autorização para a sua filmagem. Tanto mais que, na história, é um escritor estrangeiro que muda a vida de uma chinesa e que o chefe da aldeia demonstra um anti-comunismo primário. Graças ao apoio de intelectuais chineses e após algumas alterações menores, a censura acabou por aceitar o argumento.Dai Sijie nasceu em 1954 na província chinesa de Fujian. Filho de médico, foi enviado para reeducação na Província de Sichuan de 1971 a 1974. Teve, a seguir, a possibilidade de regressar para o liceu e de ingressar para a universidade para estudar história de arte. Beneficiando de uma bolsa de estudo, instalou-se definitivamente em França depois de ter passado pelo IDHEC (actual Fémis).Realizou três outras longas-metragens: Chine ma douleur que foi saudada pela crítica recebendo o Prémio Jean Vigo 1989, Le mangeur de Lune (1994) e Tang le Onzième (1998). A sua última longa-metragem Les filles du botaniste (2006) estreiou em França no final do mês de Abril de 2006.

in Institut Franco-Portugais


infelizmente só encontrei o Trailler dobrado para Espanhol

17.5.09

malograda razão
O que poderia ter sido, ganhou uma proporção desmedida com a falta de oportunidade.
O tudo acontece por uma razão, começa a dar nos nervos de tão retórica e ausente de reconforto.
Palavra por palavra dita com o coração nas mãos num descontrolo rítmico prévio, provocado pela noção da errada aceleração de acontecimentos. Do certo feito de forma errada. Do grito em forma de silêncio.

Com o vermelho-amor como maestro daquele madrigal descompassado, segui num ambiente no qual não teria conseguido existir sendo eu própria, se não com tal comprometimento.

Como podes tu recusar uma coisa assim, tão simplesmente, quando sentido por alguém com seriedade e entrega?

Contigo, numa apoteose orgásmica, numa epifania lírica, numa singular profecia de amor aconteceu o rendez-vous.
E não há nesta descrição, diga-se, o mínimo de exagero.





let the kingdom come tonight . let this dream be realized

11.5.09

7.5.09

i hope . i wish . i belive

o meu portátil econtrasse na UCI... e eu, numa mercearia de monhés, com cheiro a caril, cebola podre e dois computadores ao fundo à direita.

4.5.09

choose love . choose love . love

1.5.09

um dia só para os livros

O telefone toca, olho para o relógio e são 13h30. Atendo e do outro lado a voz da Joaninha exclama: ainda estás a dormir???
Por muito que quisesses responder e explicar que a noite passada tinha sido longa e dura, a voz ainda roca não seria perceptível ao telefone. Limito-me a rir. De seguida ela pergunta: queres ir à Feira do Livro?
Como uma criança que lhe é prometido um doce, levanto-me num impulso e replico: vou só tomar um banho e já vou ter contigo!

Cheguei ao Parque Eduardo VII e após um só telefonema já estou ao pé delas, (a Carla também estava), e assim começámos um passei de 4h pelo Mundo da Escrita.

Dessas 4h que incluíu piq-nic com churros, relva e sombra resultou na compra de 3 livros fan-tás-ti-cos!

Repleto de fotografias dos making off de filmes como: Green Mansion de 1959; Roman Holiday de 1953; Sabrina de 1954; War and Peace de 1956; Love Afternoon de 1957 e não poderia deixar de referir Breakfast at Tiffany’s. Entre tantos outros, onde sempre nos deslumbrou, encantou e seduziu com a sua beleza tão marcante e intemporal. Sendo ainda hoje um icon de moda e beleza, este livro para mim, é uma pequena relíquia.




No NY Times a sua escrita foi adjectivada de lúcida, intensa e desarmante, por cá no DN foi reconhecida como das mais estimulantes “novas escritoras” asiáticas.Este livro conta a história de duas almas ligadas por uma profecia de amor e misticismo com final trágico mas regenerador.




E por último, o livro que me causou quase que uma esteria infantil quando o comprei, visto que acreditava que teria de esperar até Julho ou Junho, já não estou certa da data dada pela Agenda Cultural LX, um livro que já antes me referi a ele como algo a venerar.
Além dos poemas deslumbrantes vem aprimorado por desenhos e ornamentações, divertidas e provocantes, saídos da mão do autor, que nos vao estimulando ao longo da sua leitura. Este livro confere o reconhecimnto mundial ao seu talento artístico para a linguagem.

vou fazer questão de o ler ao som do vinil Songs of Love and Hate


Como a Feira do Livro irá decorrer de 30 de Abril a 17 de Maio e o Parque Eduardo VII é já ao virar da esquina, ainda tenciono lá passar novamente para trazer mais uns quantos livros que não me saiem da memória.