31.8.09

Nesta Era da falsidade

...que urge em cada canto tipo erva daninha, os que vivem da mentira, da calunia e da deslealdade não têm mãos a medir. Já não é só uma questão da maledicência a querer vestir a fachada da sensatez, é o não se conseguir ser mais. O que tem o pé maior e mais pesado é o que ganha!

Isto é o derradeiro final da crença na pureza humana.

É um final descrente, sem fé no milagre da cura.

Mas, segura de que, gestos "pequenos" fazem das pessoas "pequenas", e que, apesar de no imediato nada se poder fazer; existe sempre uma esperança sem fim à vista, no equilíbrio karmico ou numa qualquer Lei de Talião, não, que seja aplicada pelas minhas mãos, mas sim, pela vida.

O que se dá, é o que se recebe. O que se atira é o que retorna.

E o que moí, na verdade, é o que fica a pairar no ar.

É no entretanto, entre o mal feito e a verdade a ser descoberta, que fica algo que não é descritível por palavras, só com aquele palpitar nervoso, desconfiado e a medo do que está para vir, é possível perceber que o rato roeu a rolha e que o Rei vai nu, porque, até então, o Rei era crente, estupidamente crente.

O que está feito acaba por nunca se desfazer por completo.

Com esse sentimento de injustiça fica o rancor, a revolta.

Dito isto, que venha o diabo e escolha, qual deles é mais difícil de digerir. Qual deles deixa os olhos fecharem sem tirar sono ou sem dar aquela comichão no céu da boca.
Contudo, logo volto à ideia, que nada posso fazer senão acreditar, no que não tem fim à vista: a crença que existem fins tipo telenovela mexicana; os bons ficam felizes para sempre e os maus são castigados de forma atroz.


27.8.09

ele há coisas!....

e não é que descobriram na dispensa do Hitler latas de atum Ramirez?
(noticia no Expresso!...)


"... tenham sido encomendadas por Eva Braun. Essa, que também só tinha bom gosto para comer e vestir... porque de resto, a escolha de homem foi o que se sabe e dispensa comentários extra."comentário feito pelo"meu"dedálo11

e a pesca sustentável?!

21.8.09

cover





me




apesar de ter adorado ver as meninas no Campo Pequeno, o original tem muito mais feeling...

20.8.09

"se eu própria me bastasse, fugiria para sempre.

do teu corpo,

das tuas mãos quentes.

mas eu sou frágil como um grão de neve.

derreto-me com leves sussuros e a ternura estonteia-me.

sofro de constante abstinência de amor."



Pedro Paixão in Presa por Ti não em Ti

19.8.09

saudade até ao limite das folhas caídas na hora de cair




Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais gravedo que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Carlos Drummond de Andrade

em português de Portugal ou do Brasil, a saudade é autêntica, real

14.8.09

a música engana-me e eu gosto

3.8.09

é urgente aquilo que sai em sílabas dispersas desorganizadas espalhadas no chão numa madrugada de coração na mão porque o peito abriu de vez é urgente dize-lo de olhos fechados semi-cerrados a meia haste cheios húmidos a pestanejar com um olhar que antes se cruzava e agora se aprofunda e se conhece é urgente a repetição de clichés que não o são a reiterar e a dar pontuação à segurança que tarda mas que caminha e à crença no timbre que me habitua é urgente deixar que ele tome as rédeas porque ele sabe é urgente o J.Backley inteiro num era uma vez já outrora mil vezes idealizado e o Grey num final espiritual apoteótico de quem se quer é urgente perder a conta às pestanas porque a boca distrai os olhos é urgente a reciprocidade as duas palmas os passos que imitam as neuras que se cruzam é urgente o riso de coração de prolapso ansioso infantil quando as palavras parecem fugir é urgente o lacre partido em dois e o copo meio cheio a substituir o vazio é urgente os pacotes de açúcar que começam fábulas do serão passado e adoçam o dia é urgente as mãos de fada que não se cansam e teimam é urgente o abraço que envolve porque o medo já vai longe e é urgente a métrica das bocas viciadas sem fim à vista é urgente passar do punk à poesia de algibeira é urgente o último olhar lançado naquelas escadas que agora são só tuas é urgente sentir que me procuras é urgente