25.12.10


22.12.10

período de nojo


já várias pessoas tinham tentado mas tu foste o único que estiveste perto de me conseguir envergonhar e enxovalhar ao ponto de quase me desfazeres.

diz-me, não estranhaste que «uau» fosse a única palavra de retorno àquela ode insultuosa? já me devias conhecer melhor joão. já me devias conhecer melhor. vamos fazer o seguinte, já que tu lavaste a louça eu limpo e arrumo. a casa quer-se arrumada duma vez por todas.

nunca te exigi nada. pedi.
nunca cobrei. só nunca consegui aceitar uma amizade feita de resíduos (que se provaram hoje, toxicos).
nunca esperei que me considerasses a tua melhor amiga, mas acredita, nunca pensei que me visses como alvo a abater. inimiga que nem ‘arqui’ chega a ser. massa a destruir. alguém assim tão feio. alguém por quem não temos em conta as palavras duras que utilizamos para as abalroar. desconhecia esta tua esquina. não quero lá voltar a passar. já lá fui atropelada uma vez, não me voltas a apanhar distraída.
nunca quis ser tua confidente. com medo por receio de saber tudo ou saber demais. queria sim, conseguir ter conversas práticas circunstanciais sobre o dia-a-dia sobre tudo e sobre nada sobre o livro que estás a ler ou sobre o último filme que viste sobre o frio e a neve sobre os lugares que visitas e sobre a comida que se baseia em massas pão e tomate. eu falar-te-ia do livro que ainda não li do filme que quero ver e da nova música que explica a razão da pele-de-galinha. porque eu sou assim. e já devias saber disso. não queria segredos queria banalidades. o mesmo tipo de conversa que se tem com alguém com quem nos cruzamos na rua e ficamos contentes por reencontrar. a quem sorrimos e mostramos o coração nos dentes. só porque somos simpáticos sem qualquer outra razão adicional. nunca quis mais do que outrora já tinha tido, mas que vergonhosamente perdi. talvez entre palavras mal traduzidas do teu espanhol talvez entre um ou outro erro ortográfico meu. queria uma amizade. uma amizade das boas sincera e verdadeira. independentemente da distância e dos dois mil e quinhentos kms e temas e expectativas e realizações. tenho uma grande dificuldade em entender como se pode querer mal a alguém que sempre nos desejou bem. isso cheira a cruel desnível emocional. sim, porque dá para entender em cada palavra tua. principalmente quando depois de me atirares para o chão de me rasgares a roupa por mera humilhação e pontapeares o estômago vezes repetidas sem dó nem piedade terminas dizendo que esperas que encontre paz. porra, deixa de ser um-sacana-ironico-sem-coração, ou talvez, e arrisco em dizer dado o avançado da hora da tua mensagem, não respondas a e-mails inocentes com alcool a mais no sangue! (agora sim, uma ofensa para uma condenação injusta, mas que dá para entender o quanto eu já me estou a lixar para a absolvição, não a espero e já nem a quero).

preciso que percebas que quando chamo «período de nojo», «nojo» significa mesmo nojo.
declaro-me emocionalmente falida. e a culpa não é da chuva ou do sol ou da pedra da calçada ou do vinil riscado ou do cheiro do casaco que insistes em deixar para trás. a culpa é disto:

21.12.10

is diving diving diving diving off the balcony



nunca fui muito boa com coisas de encaixes e coisas partidas. ou a mentir e a dizer que não fui eu, aconteceu.
estou a disposta a não invadir. estarás tu disposto a me deixar entrar?

19.12.10

vê como cresci.
vê como são leves as minhas mãos vazias do teu corpo.

18.12.10



... e a culpa é minha que deixei a jugular à mercê da tua vontade.

17.12.10


acabei de chegar da rua. o frio atravessa as camadas de roupa e confere-lhes uma incompetência irritante. recuso-me a voltar a sair.

cold war



tenho um parecer mui sui géneris acerca da humanidade.
decididamente não faço parte dela.

16.12.10

acho
que
estou
a
precisar
de
um
amor
inteiramente
estéril
e
não
criativo.

14.12.10

my bonnie lies over the ocean

12.12.10

o muro de berlim só caiu uma vez, reza a história.


obrigas-me a expurgar-te da minha vida, como se fosses uma nova peste negra. encostas-me literalmente contra a parede e fazes-me procurar um medidor emocional de amor. será que vale a pena? será? será? não seria melhor uma bomba? sim, sou dramática, principalmente às terças, quintas e sábados. o meu amor por ti tornou-me numa bombista-suicida. sem causa nobre e sem líderes despotistas. só eu e a minha jihad depressiva.
i knew that my love would tear us apart. o meu. não chegou pelos dois. nada resiste a uma peste negra não é?

hoje teve de ser. o dia chegou. fiz-te o funeral, não foi digno, confesso. não tiveste flores, ninguém leu oscar wilde, nem houve nenhum discurso de puxar a lágrima, a tua ausência secou-as enquanto elas se formavam e nunca regressaste para as ver cair. foi na varanda, achei que ias gostar do sítio para descansar em paz. o chão é frio, gelar-te-ía o coração, caso o tivesses.
enquanto te enterrava cada vez mais fundo na minha alma, na madrugada continuavas naquele ninho que foi a varanda. inerte enquanto passava na rádio o let me kiss you. não para ti. não para nós. para alguns amores imaginários que na sombra da noite regressam.

ainda me assombra a maneira exacta como fumas, just like ian. se calhar já nem fumas. se calhar ainda fumas só porque eu quero. com uma delicadeza assombrosa e de mão aberta e me faz rever-te nele. e chorar com ele. sem debbies ou anniks. és tão ele e nunca meu.
eu sei este foi o primeiro passo para me afastar. a giant leap to mankind. pelo menos para a minha sanidade... mas a impotência perante a tua ausência que me arrasta leva-me ao desejo de uma confrontação. apetecia-me gritar com contigo e chamar-te sacana e assim justificar o teu silêncio, mas não o faço. meros delírios de coração sofrido. em vez disso junto o meu silêncio ao teu e ficamos os dois em silêncio. cada um com o seu. não há cá misturas. e desta vez é de vez. desta vez é de vez. desta vez é de vez. de vez.


a benzodiazepina é a minha nova melhor amiga. my new tyler durden. por aqui vai-se sobrevivendo a paz induzida. só hoje já foram três de embuchada, as they say.

11.12.10

you always makin' big plans for tomorrow. you know why?
because you always fuckin' up today.




filme atemporal de um dos meus realizadores fetiche.
calor espaços desertos uma cidade praticamente abandonada. uma mulher sentada na varanda a contemplar a passagem do tempo e de fundo uma canção bêbada a gingar. um dj fracassado, um chulo-decadente-sonhador e um estrangeiro que fala um inglês manhoso. o gosto a fracasso é o fio da meada que os une. singulares afinidades. a sensação de vazio é inerente tanto aos personagens quanto à cidade em que vivem. figuras sem lugar no sonho americano. quase lembra os velhos heróis beatniks marcados por um tom mais cínico com sabor de ressaca. a dificuldade de comunicação na conversa dos três serve para acentuar o traço tragicômico de um diálogo feito de silêncios gestos olhares pronúncias erradas pequenas glórias lembranças e sonhos. a fuga.

entre verniz vermelho unhas pés o jarmusch plutarco e estúpidas teses a anunciar a iminência de mais um corte – vamos ver quem se espatifa primeiro. para que a dor seja mais leve, estamos cá.
porque a dor é nossa e num estúpido impulso bato pé e teimo com ele.
to heel pain... nail polisher....


heartbreak.
when you love somebody all you get is a mouth full of blood.

quer-me parecer que as unhas dos pés e mãos ficam a condizer.
faz 'pandan'

9.12.10


pára de racionalizar. pára de racionalizar. pára de racionalizar.

às vezes acho que a capacidade de raciocinar é uma menos valia para muita gente. julgo que seria muito mais feliz se pensasse muito menos.

8.12.10


pareces um artista de circo caído em desgraça e tento imaginar-te com uma bola no nariz. não funciona – os palhaços quanto muito são tristes, não têm aqueles olhos melífluos. és um estratega e só tarde demais me veio à ideia a hipótese da malvadez da tua conversa. a aura de entretenimento esfumou-se no instante em que o meu sorriso perdeu a graça e se transformou num gesto mecânico.
não me retiro culpas. a verdade é que me deixei embalar e só quando o aviso agudo da auto-preservação se fez sentir é que fugi - mas tu fugiste primeiro. ninguém me tira da cabeça que aquilo foi fugir; ensinam-nos evitar sempre os confrontos e a violência. não foi engano.


7.12.10

silence my dear,
let the images speak and
listen to the sound of my broken drum


6.12.10



o amor nunca morre de morte natural. ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. morre de cegueira e dos erros e das traições . morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho . anaïs nin

a pele que há em mim

quando o dia entardeceu
e o teu corpo tocou
num recanto do meu
uma dança acordou
e o sol apareceu
de gigante ficou
num instante apagou
o sereno do céu

e a calma a aguardar lugar em mim
o desejo a contar segundo o fim.
foi num ar que te deu
e o teu canto mudou
e o teu corpo do meu
uma trança arrancou
o sangue arrefeceu
e o meu pé aterrou
minha voz sussurrou
o meu sonho morreu

dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
dá-me o quarto vazio da minha casa
vou deixar-te no fio da tua fala.
sobre a pele que há em mim
tu não sabes nada.

e com uma força que não se pode dizer chega a atravessar me o peito.
em primeira mão.
em primeira mão.




hoje é um dia desses. talvez a enxurrada, as chuvas e a lama ajudem as lágrimas que tardam. não me importo de ficar mais suja. não sou a holly golightly à procura do gato numa ny chuvosa, nem tenho que manter as aparências.

4.12.10

day one


jantar e sangria muita sangria. agora vamos que se faz tarde e já se perdeu jorge palma. b fachada e sérgio godinho na sala um do são jorge. anda. corre coxo que o bernardo já canta. canta e torna-se mais querido só por nos achar queridos. a mariana marca o ritmo e o martim também lá estava e ainda nem eram 5 prá meia noite. e ele canta músicas que ainda não foram lançadas mas nós já as estamos a ouvir. em primeira mão. músicas para pequenos e graúdos oferecidas como prendas dum natal que ainda não chegou. depois chamou a francisca, diz serem amigos de infância. inveja. inveja da boa mas que não deixa de ser inveja. de seguida, primeiro entra a voz depois aparece o sérgio godinho que vem trazer um novo estatudo àquela sala. canta umas poucas e vai embora. e nós lá ficámos. sentados. de princípio a fim. ninguém arreda pé. the shoes owen pallett e pinto ferreira ficam para uma próxima. afinal está implícita uma emoção forte em rebentar com os planos e conseguir tornar a noite ainda mais excitante e recheada de imprevistos. anda. corre coxo. vamos enfrentar a fila do teatro tivolli para ir ouvir a voz dos bloc party. o que trocou post-punk por uma música obscura mas dançável. não. espera. vamos fazer xixi. e olha, vês o gelo que afinal não é gelo em cima do contentor de electricidade? não. mas as linhas vês não vês? sim. e devíamos ter trazido sangria numa garrafa de litro e meio que está frio e eu estou seca. vá, vamos voltar para a fila. ou talvez não. a hora da zola jesus está a chegar e isso não perco nem por nada. volta para dentro do são jorge e bebe. bebe rápido essa cerveja. tu dizes vai e eu respondo fico. eu sei que ele me deixa entrar pela porta da cavala mas sem ti não vou. anda. quero mostrar-te a menina que cantava opera e agora canta isto. esta coisa que arrepia peles e dissolve qualquer resistência que tenhas. conquistou-te assim logo à primeira e tu nem sabes como. loira e de calças esfrangalhadas basta-lhe um companheiro de palco para arrebatar plateias e exponenciar emoções. ela ocupa um palco que por muito grande que seja não lhe é suficiente. ela é grande. e a sua voz ainda é maior. pela última vez te digo coxo. anda. corre. waves já estão quase a tocar.

acho que estou pronta para o dia dois. vamos?

1.12.10

palavras sem-abrigo



sem-abrigo#1:
e só nos resta ficar aqui, nesta cama de caixas de cartão a olhar para as horas e a conversar. e amanhã logo se vê o que acontece.

sem-abrigo#2:
amanhã acontece mais um dia.
é só mais um dia.

já ao longe ainda ouvi um deles dizer
deixei de fazer planos com prazo. os planos saem-me sempre furados.


porra, é daquelas histórias que merecia ter discurso directo.
e esta foi música emprestada pelos radiohead em 2009 para campanha de apoio aos sem-abrigos. achei apropriada.

28.11.10


catarina miranda
emmy curl ou
cat rain


pérola perfeita. menina encantada que nos leva por bosques e contos de maravilhar. o prazer de a ouvir é equivalente, atrevo-me, a sentimentos comovidos por almas complexas sem máscaras. é a entrega e a magia e a doce voz que nos agarra e nos desfaz. em mil pedacinhos.

27.11.10

vulgar sacrilégio.

dá-me um último veredicto. pois eu acredito que não há nenhuma coisa viva no mundo do pensamento ou do movimento em relação à qual a dor vibre em pulsação terrível , ainda que extraordinária. a dor é a mais sensata das criaturas. wilde diz que os dias de humilhação e infâmia são diferentes dos de grandeza e de fama. talvez seja comparação feia e rude. mas a verdade é que a ferida que sangra só estanca quando lhe toca a mão que não admite outra mão que não a do amor. e mesmo então, o mais certo é sangrar de novo. por hábito por mera convulsão incontida ou porque a moral não me ajuda.




so where do the waves go, my love
where do the waves go, my love
sonic or liquid, I don't know
sonic or liquid, I don't know

26.11.10

fake it until you make it!




o romance morreu. e não foste tu que o mataste, fui eu.

25.11.10

tonight everything will be alright
cause today i will sleep the pain away


21.11.10

caprichos do quotidiano (?)




não te ignoro agora. ignoro mais tarde - dizias tu.





desalinho os discos e os livros, os papéis e a roupa...fecho páginas, gavetas, portas. a chave dos próximos dias guardada no bolso das calças que deixei por vestir no último outono. um escrito esquecido. duas ou três linhas de silêncio. poema inacabado. vou vestir o casaco e sair para a rua. acender um cigarro e esperar que no virar de uma esquina alguém me encontre. - há coisas que gostava de ter sido eu a dizer.

20.11.10

corações instáveis


estes são corações que apesar de instáveis não acabam roubados e talvez até se tornem mais fortes por isso. o que antes estava do avesso acaba do direito. porque sem intensão os corpos caem e as bocas dançam e porque os exactos segundos que se antecedem a um beijo acabam por ditar a contra-regra de dois corpos que lutavam para se banir por pudor e teimosia e resistência e medo do escuro para no fim se tomarem sem tabus. em primeira mão. numa inconformada redenção.




há vinte anos atrás, brindávamos a nós.

depois de dez, começámos a brindar aos resistentes.

hoje, brindamos à família.

17.11.10


16.11.10

a guerra fria e eu de lábios vermelhos

prova viva de que estava teatralmente bem para o mundo ver.
o baton vermelho destaca-me das outras, convenço-me. não é nada um lugar-comum.



vermelho-beija-me. há vermelho-apazigua-me. há vermelho-excitante. há vermelho-clássico. há vermelho-provocador. há vermelho-sozinho. há vermelho-sangue. há vermelho-toma-me. há vermelho-a-dois. e há vermelho-mau. vermelho, vermelho. vermelho. logo eu que também não percebo as cores complementares.

hoje no metro, uma menina disse à outra : 'ela tem os lábios vermelhos, não são cor-de-pele como os nossos, também quero.' ouvi, e inevitavelmente sorri, porque aos quatro anos mal elas sabem que era vermelho-mau. e quis esborratar-me de seguida mas não as quis desiludir em plena carruagem e fazê-las conhecer o joker-do-amor cedo de mais.

foste tu o godard e a sua marie que me convenceram a pintar os lábios de vermelho. mas agora apareces com palavras estupidamente francesas e sem modos queres repetir me sem primeiro secares lágrimas e desatares os nós. errado. e já te disse que os lençóis não são para comer enquanto gastas o meu nome.

é o fim meu amor, é o fim.

não sei até que ponto este momento não exigia algo mais solene. mas sem grandes aparatos fecham-se as cortinas e assim pode ser que o coração nem dê conta.

14.11.10


13.11.10


as estradas vertiginosas continuam a passar por mim todas as noites e a minha falta de equilíbrio levou-me a esfolar os joelhos numa mulholland drive e a não chamar a minha mãe. nunca gostei de os esfolar, nem tão pouco de os exibir como marcas de guerra de amores passados. agora mais do que nunca sei que soprar enquanto me desinfectaram as feridas de nada serviu, é um disparate. as grandes dores são sempre mudas, ouvi algures. e não se contam pela quantidade de areia e cinza e memórias e alcatrão e suspiros e sangue e rum que tenham em cima.

dás-me a mão?



7.11.10

mitos do coração


lembro-me com muito carinho. desse tempo, que não há muito tempo atrás. a cumplicidade poética ditava o percurso das palavras que dispensavam os corpos para se conhecerem. as palavras pareciam estar intrinsecamente ligadas e sem necessidades ou exigências. pequenas mensagens refractoras da realidade que permitia a aproximação sem materialização. era como inaugurar técnicas paradoxais da construção da realidade dentro da relação humana com a arte e elevar tudo a um ponto de entrega que até então se desconhecia. foi fácil cair de joelhos. éramos amantes sem nunca o termos sido e sem intenção para tal mas com a mesma cumplicidade.

hoje descubro sozinha que existem coisas que de tão poderosas nunca poderão ser dissecadas sob pena de quando as revirmos a excitação o crescendo e o aperto se afastem de vez. afinal, ter sentimentos escolhidos para alimentar um tornado emocional de média escala não é terapêutico nem faz sentido. as coincidências, essas, continuam a existir. a minha ingenuidade é que fechou para balanço.


a cumplicidade poética não existe, é a lição de hoje. e de amanhã. e depois.



à distância, o silêncio fica demasiado perto da saudade

6.11.10


quero muito comprar um coração de ensaio e erro, pode ser? acho que este se estragou. um novo teria garantia e seria mais resistente. o que tenho está farto de ser remendado e colado. já não trabalha como era costume. ou se atrasa ou se adianta, o manipulo está descontrolado. travões não tem e sofre de fluxo condicionado. as mossas deixaram de ser à superfície e tornaram-se buracos corroídos pela ferrugem onde as aranhas constroem casa. um coração novinho em folha vinha mesmo a calhar. vem por ai o inverno e eu queria muito um coração novo e a estrear. é que os corações novos são sempre mais quentes.

tens trocos?

5.11.10






será que o sol é o coração de um corpo?

4.11.10

existe qualquer coisa de muito especial quando se pisa o chão de um castelo. o seu legado de significados não é mais do que memória colectiva modelada pelo passar do tempo materializada num conjunto de testemunhos mudos que reforçam o sentimento de identidade de quem por lá passou. tem algo de muito encantador deixarmos nos levar pelos sentidos. deixar que onde há muros vejamos as batalhas destemidas amores perpétuos fantasmas sombrios o uivo do trovador e tudo e mais que a poesia do nosso olhar ditar. pisar o chão de um castelo traz lendas e epopeias e mitos e já dizia f. pessoa que o mito é o nada do tudo. gosto da expressão poética em cada pedra erguida em cada caminho já outrora mil vezes percorrido por quem confessou o seu amor e entregou o coração na mão do outro. que entre juras e promessas não se livrou de ser engolido por uma boca infernal de uma tempestade de feitiços. desaparecer para sempre. a beleza. a conquista. um local cercado de histórias. as aparições secretas. as portas que se fecharam para se escancararem portões. as lamurias dilacerantes de pactos de sangue. basta prestar atenção. quando se viaja por um castelo tem de ser com entrega shakespeariana. tem de ser avassalador andar pelo mundo dos antigos guerreiros fantasmas bruxos magos reis rainhas príncipes e formosas princesas. é fazer parte das histórias e segredos guardados pelo tempo.

2.11.10

aloha

1978-2010

durante muitos anos estive directa e indirectamente ligada ao mundo surf. não querendo ser diferente de quem se apaixona por este mundo fiz todas aquelas coisas que se julgam quase impensáveis. levantar às 5h30 para surfar antes do trabalho. apanhar o autocarro para a costa com prancha debaixo do braço e fato ainda molhado do dia anterior a transbordar da mochila. acabar o trabalho e correr para a praia para voltar a entrar para dentro d'água a tempo de ver o pôr-do-sol. deitar-me em cima da prancha depois de curtir umas boas direitas e simplesmente deixar-me ser embalada pelo mar. sentir o cheiro. o sabor a água salgada que seca os lábios mas que sara feridas e sacia ânsias e cura tudo.

já não vou para dentro d'água à cerca de seis anos. mas fica aqui a promessa.
voltarei a surfar uma última onda em tua honra. isso podes ter tu a certeza.

há músicas assim. o encantamento é arrebatador.
as palavras parecem evaporar. nada as explica. nada mais importa.
é como beber um chá quente num dia em que as mãos parecem ter morrido por falta de toque e desesperadamente procuram aquecer-se por arrastamento. a melodia soa a casa e nós só nos queremos aninhar a um canto. e ficar por lá. a ouvir sininhos e sonhar acordada com bolas de sabão.

1.11.10


tenho uma amiga que tem um cão que larga pelo e que agora também pode escrever aqui. é a amiga mais forte que tenho e dela espero sempre essa força. é a essência dela. obriga-me a estar bem, mesmo que já seja tão facíl estar neste muro de lamentações. ela obriga-me a reagir, mesmo quando eu só quero é que tenham pena de mim e me dêm colo. ela é essa força. sinto-me protegida com ela, talvez por ser esse pilar que eu não consigo ser. com força desejo que ela seja feliz. somos diferentes e contudo foi com ela que pela primeira vez senti que era possível darem-me valor. que é possível ter uma amiga que se preocupa. já tinha desistido disso há muito, de ter uma amiga assim. ela é a minha vitamina c.



bem vinda minha amiga.

31.10.10

higher hills do not provide for hearts born of coral and moss

voz firme e bela mas sem melancolia nem apego pelo passado. antes o fascínio dos lugares visitados do que dos momentos perdidos. melodias simples e belas, recheadas de palavras romantizadas e acordes anestesiantes. menina irrequieta e apaixonada.

e é em dias de noites mal dormidas que me lembro dela e me lembro das suas palavras. ela consegue exorcizar os menos crentes convertendo-os a peregrinos de uma linguagem de trovas modernas. de costumes e ritos pagões. é embriagante.


acredito que o vermelho é o novo e eterno preto e que as 03h da manhã são sempre mais difíceis em anos que não são bissextos.


é verdade. voltei a acender um cigarro pelo filtro e nem posso dizer que foi a chuva a distrair-me. acho que a culpa foi do isqueiro. morreu na minha mão logo a seguir.
um último sopro de chama.


30.10.10

marie-thérèse walter

pintaste bem o retrato.
sempre na mesma direcção e sem atravessar o contorno.


«mesmo distante, o som errante do relógio da meretriz...
ecoa despertando esperanças do menino que fui aprendiz.
feitiços que as minhas mãos teimam em rabiscar (...)»
pablo picasso

29.10.10

kazuo ohno


a mais bonita das homenagens a kazuo ohno só
podia ser pela voz de hegarty.
foda-se.
pele-de-galinha.
foda-se.


cavalo de madeira . fruto proibido . nós cegos


quel est ce chemin qui nous sépare
à travers je tends la main de ma pensée
une fleur est écrite au bout de chaque doigt
et le bout du chemin est une fleur qui marche avec toi
tristan tzara

28.10.10

a alquimia é simples e tem como ponto forte a voz do stuart staples. desesperado de amor, encontra um paralelismo de peles arrepiadas e respiração adiada, tal e qual, cohen. os ouvidos inocentes é que levam vantagem ao prestarem atenção, uma vez que qualquer tese sobre arte com estes meninos fica explicada logo à partida.
ao primeiro acorde.
não é complexo.
é vis-ce-ral.








27.10.10

they know you've been broken

ignore them tonight and you'll be alright...


26.10.10


magnifico material inútil

quis conhecer-te e perdi-me de mim.
talvez não tenhas passado de
um platonismo meu. ou então
és só mesmo narciso de mãos fortes
que abraçam a nuca num adeus seguido
de dois beijos dramáticos e apoteóticos
de uma verdadeira despedida. não.
não houve nada disso. ou se calhar
até houve. sofro de visões imprecisas e
distorcidas. enganos. troço de mim mesma,
sou a minha melhor piada de sempre.
ridicularizo-me. sou ophelia num charco.
achei que querias passar a fronteira e
amparar-me mas estava errada.
agora, em surdina, peço-te que fiques longe,
não preciso de mais emigrantes ilegais. conforta-me
de longe, por favor. já não quero conhecer
a tua textura nem o teu sabor. ampara-me daí,
chega. mal te conheço mas imagino a forma exacta
que a tua mão cai como uma concha
sobre o teu peito quando te deitas. e
isso comove-me. não te conheço e sei quantas
pestanas te caem por dia e quantos desejos
desperdiças.
há espaços que se nos tornam interditos, espaços
de encanto ou de hábito ou de ambos.
inesperadamente, todos os espaços
são proibitivos e as artérias transformam-se
em barreiras e valas e fossas que nem os nossos pés
nem a nossa vontade querem experimentar.
porque assim é que tem de ser. só porque assim
é que tem de ficar. um estúpido platonismo.
sem eira nem
beira.

24.10.10

21.10.10



Feliz Cumple, amiguita!!!



r.i: Whore.

Me: Eh

r.i: You have to do what I say, it’s my birthday.

Me: No I don’t.

Me: You aren’t born yet, thus you don’t exist; thus I don’t have to be nice to you.

r.i: You said in your blog you would be nice to me. I KNEW you couldn’t do it.

Me: CRAP. I forgot. Maybe I will try again next year.


(source: the big, the bad and the ugly)



Interessante mistura de elementos próprios da vida contemporânea em pinturas de mestres do século 15 e 14, nomeadamente Frans Hals e Rembrandt. Alguns exemplificados.

(por mr. alan macdonald)


20.10.10



nika roza
ou zola jesus como prefere ser chamada.

há quem diga que ela nos faz aprender que os sentimentos nunca são dignos de uma noite tranquila. que não é fácil lidar com um coração partido mas que no fim vai tudo correr bem. de letras impossívelmente românticas e voz estupidamente densa zola j. faz-me sentir cenário fantasmagórico num espectáculo muito muito intimista.


um coração partido
há-de ser sempre um coração partido.
por isso, não andem descalços no meu chão.

19.10.10



Oh, yes it is...

postcards from italy

«o que escresveste só a ti pertence»

dos teus olhos mongol ao nosso amor-combate.

«vaivém. és um vaivém meu amor, mas só a segunda sílaba me conforta. a primeira faz-me lembrar a todo o momento a falta que me fazes.»



nas pessoas, prefiro reconhecer qualidades.
recuso-me a fazer inventários tristes e pormenorizados de defeitos dos quais niguém se livra. a utopia anda de mãos dadas com a perfeição. e essa, é peregrinação para se fazer de calçado confortável e sem garantias - aprendi isso ainda em gaiata.

18.10.10


Ok... acho que percebi... i'm scared now....
(imagem M.D.)

17.10.10

nem tudo o que parece é

neste palco,
todos têm direito a plateia.

sem ordem de chegada sem cunhas ou lobies sem interesses ou jogos e sem maneiras ou sejá lá o que raio for.
todos, sem excepção.

a rapariga vudu



é feita de retalhos,
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração

tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotisar namorados.


tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
até tem um zombie
oriundo de frança


mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém se aproxima dela
perfura-lhe o coração.

@tim burton

16.10.10


(imagem M.D.)
E já disse tudo por hoje....


14.10.10

e quando os dias não são perfeitos.
é com estas coisas que ela me cala.


WTF?!


boca doce (?!), só se for de morango.



this is a story of boy meets girl, but you should know upfront, this is not a love story.
this is a story about love.


13.10.10

this charming man

e é assim que ele me faz sorrir...



«vai tudo correr bem
vai tudo correr
vai tudo
vai
bem
bem querer
tudo bem querer
vai tudo querer bem»


um dia digo o teu nome em voz alta.

12.10.10

éloge de lámour

'uma sugestão, posso?
não procures encontrar explicação em todas as coisas.
é essa a beleza do mundo.' - diz ele.


(...)
«dou comigo a achar, que mais uma vez, godard, numa linguagem muito sua, consegue fazer com o que à partida não faz sentido, nunca venha a fazer sentido, mas o sentido das coisas que se lixe porque o importante são os sentimentos. 'que os sentimentos provoquem os acontecimentos, não o contrário.' diz a dada altura godard cintando bresson. fala das quatro fases do amor como se lê-se as rugas da palma-da-mão. reitera que há amores que ficam e resistem e sobrevivem a guerras. 'a medida do amor é amar sem medida’. fala dos americanos com sete pedras na mão – e esse ‘ódio de estimação’ é óbvio quando uma personagem americana ao telefone se vê obrigada a admitir que os EUA são um povo sem nome sem história e que, por isso, têm de se apropriar da história de outros povos. (esse momento é, simplesmento, lin-do!) e por fim, a troca cronologica da côr, tendo como presente preto e branco e passado a côr saturada da gravação por video. é, genial. (e não existe pingo de exagero nesta minha descrição.) é um regalo. não por ser uma história linear mas pelas relíquias nela contida.», digo eu.

11.10.10

it´s beyond my control


ela:
olá croma

eu:
olá menina bonita.

ela:
que tens feito? faz tempo que não dizes nada.
no sábado acabei por não ir ao bairro por isso é que não disse nada.

eu:
fiquei o fim-de-semana na ronha. entre sofá e dvd's e ver mails e responder e terminar o mail que enviei ao 'john malkovich' em reticências. tipo:

blá blá blá

...
e assinei.

enlouqueci.
enlouqueci.
não há nada em minha defesa.
enlouqueci.

ela:
pois sim, enlouqueceste.


you'll find the shame is like the pain, you only feel it once.





porque sou messy. porque sou ruinas. porque já não sinto. ou não quero sentir, de todo. sou uma esquecida que lembra a todo o segundo o que não foi. e que quer partir espelhos, quer ver-se estilhaçada para depois sentir pena daquilo em que se irá tornar ao ver o sangue a escorrer, but she's too damn afraid. de tentar ser feliz outra vez, de nomear os seus defeitos, um por um por ordem alfabética. cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.

não sei se as minhas ruinas serão valorizadas, nem sei se algum dia terei um autocarro de turistas a cantar o cumbaiá ou se me despenharei no penhasco mais próximo. sozinha e sem maydays.


ruínas são ruínas.
que foram.
que são


ruínas.



clamentine: i'm just a fuched up girl who's lookin' for my own peace of mind

10.10.10



se tu vês azul
se todos vêm azul
porque é que só eu vejo vermelho?
pronto, esta agora não me sai da cabeça
e a culpa é tua.

6.10.10

ora,

que este é um blog por vezes moribundo de atenção e
com tendências suicidas já se sabia.
que entre ausências e mais ausências
e outra vez as ausências
lá vai sobrevivendo
com curtos e arrastados batimentos cardíacos,
também.
e mesmo assim,
sem carne nem osso,
consegue agarrar a esperança pelos cornos e aguardar salvação
na tintura de iodo e mezinhas e poções.
afinal não se quer fugir ao hábito,
é como a marcha dos pinguins-imperador

não param e são inatas de tão bonitas.
agora, daqui, pouco ou nada se aproveita,

isso eu sei.
lá fora é o regresso da chuva,
dos casacos pesados que atrapalham,
dos guarda-chuvas às bolas
das franjas desalinhadas
da cafeína a mais
e calma a menos.
diminui o saldo bancário
mas aumenta a cinefilia por estas bandas.
no sofá, vai-se de jean-luc godard com éloge de lámour
a fernando lopes e o seu filme sobre a pina bausch.
de poesias do pessoa

à morte melancólica do rapaz ostra & outras estórias do burton.
com bilhete previamente comprado
e encontro marcado com brillante mendoza e a sua lola
obrigo-me a intervalar tudo isto com um pulo até ao europa
e um eléctrico chamado desejo no maria matos.
tindersticks
tindersticks
tindersticks
oh deus, até tremo só de pensar.
já para não falar do bicarbonato que se tornou vicio,
mas disso não se fala porque é segredo
e do gosto em falar com um desconhecido também não, isso não.
de repente vem-me à cabeça:
uma adulação repetida acabará inevitavelmente por tornar-se insatisfatória, e portanto ferirá como uma ofensa, já dizia saramago e agora digo eu.
será que com a chuva também chegou uma inocente ansiedade platónica?
épocas especiais alarmista sou meros apontamentos sublinhados com caneta flurescente?

enfim,
a verdade é que mais pó menos pó

lá se vai respirando por aqui.


por fim,
sem vestigíos de adrianices neste canto
vai não volta ainda mandas a tua cota para OPA

25.9.10



sabes o que é uma catástrofe? perguntava um, e respondia. gota a gota um copo vai-se enchendo e não acontece nada a não ser o copo ir-se enchendo devagar, gota a gota. pode durar mais tempo ou menos tempo, pouco importa. o que importa é o momento em que o copo fica cheio e uma simples gota, igual a todas as outras, tanto à primeira como à última, faz o copo transbordar. a isto chama-se uma catástrofe. pedro paixão in muito, meu amor

in so many different positions


love kills

i'm sid you're nancy


24.9.10



o que antes foi a preto e branco acaba agora numa explosão de cores. das guitarras em abundância à batida forte que se entranha e obriga o pé a acompanhar o ritmo até à doce e encantadora peggy wang falo vos do que de melhor o pop nos pode dar. gosto e acabei de saber que vêm cá em novembro.
can´t wait.


20.9.10

doce

sincera

e dá vontade de namorar e passear de mãos entrelaçadas

19.9.10

pro bono



o EP, numa edição em vinil-amarelo, foi lançado em Agosto, mas b fachada não perdeu tempo e quer que a palavra se espalhe, 'computador a computador, ficheiro partilhado a ficheiro partilhado'. saiba-se então que o novo disco de b fachada, há festa na moradia, está disponível para download gratuito no site da sua editora, aqui.


não há dúvida. b fachada está de volta. a marca não engana.







e hoje no club ferroviário. entrada livre.

vamos lá ver se essa será uma história que se contará na primeira pessoa ou se a vontade se perderá em saco roto...