24.2.10


eu:
aos trinta e um aparece a certeza de que: a amizade entre um homem e uma mulher só é possível até por volta dos seis. até ao fatídico momento em que surge a afirmação atrevida: mostro-te o meu se tu me deixares ver a tua - ou vice-versa.
é o fim já ingenuidade e o início dum mundo de perguntas com segundo sentido.

voz discordante:

felizmente este nosso mundo é feito de irregularidades e antagonismos e é isso que faz com que qualquer generalização focando atitudes e comportamentos dos seres humanos seja sempre altamente imprecisa e até muitas vezes errada. logo, nem todos os homens e nem todas as mulheres cultivam amizades com fins secundários, do genero plantar uma laranjeira para colher pepitas de ouro. por isso acredito firmemente que há sempre muitas excepções a essa regra.

eu:
concordo discordando. de facto os rotúlos generalistas nunca foram justos. no entanto bato o pé e reitero a ideia de que se não aos olhos de quem pergunta se aos olhos de quem responde ou aos olhos de terceiros... a amizade entre um homem e uma mulher é sempre composta duma dualidade por vezes desconcertante.

20.2.10

trevor brown


é preciso uma noite fria regada a vermelho-rubi para finalmente concluir porque escrevo. escrevo porque gosto de palavras. das palavras. escrevo porque lhes quero dar uso. vicío-me nelas.
é o sentir que num lugar sem cara posso ficar nua. despida de fachadas. sem os medos que me puxam para trás e me arrastam me esfolam. podendo ser eu sem ser outra. agarrando cada impulso que tenha para me purgar. me de expor por querer por opção e tornar públicas as minhas paixões. do qual sou feita. ponto por ponto. pausa por pausa.
pergunto-me se terei maturidade suficiente para ter um espaço público. mas logo de seguida acredito que é isso que o torna especial. esta exposição imatura-mundana. sem pudores e visceral e que burro de crente o torna pessoal e intransmissível. só meu. eu. virada ao avesso. de lacre partido


17.2.10

i'm pissed of!

se havia jogo em criança
que nunca gostei de jogar
era o salto ao eixo.
então agora,
depois de adulta e
no trabalho
...
tem um certo sabor
a iscas

15.2.10

michael huey

a fotografia pode ser uma arte intrinsecamente melancólica em forma sendo o registo de imagens apenas para enfatizar a temporalidade dos seus objectos.
os resultados são certamente melancólicos, mas ao mesmo tempo estranhamente comemorativos.







trabalhos que vão das cores saturadas a uma transparência quase bizarra. de 1870 a 1940. da ambiguidade ao simbolismo. evocações numa ausência de parecer supérfluo.


isto para quem poder dar um pulo à galeria josh lilley em soho

12.2.10


e afinal o fevereiro não está perdido.
afinal é possível a felicidade chegar pelo ar e desembarcar às nove e trinta de dia vinte e cinco.
porque no rescaldo dum coração partido só a amizade pode dar o que é preciso para sobreviver neste mundo cão.
as minhas pessoas.
aquelas que me acompanham à mais de duas décadas vêm a caminho para voltar a equilibrar esta vontade de voltar ao conhecido e deixar para trás a certeza deste sucesso conseguido a pulso.
e eu posso voltar a respirar. finalmente posso soltar esta respiração que de tão suspensa já só trazia o aperto. posso voltar a esmiuçar o calor humano que traz a certeza de que nem mesmo um oceano a separar pode fazer desaparecer o que se cultivou desde criança.
amo-vos.
sinto-vos a falta e se sobrevivo é pela certeza de que a distância não importa. e de que afinal este fevereiro vai ser preenchido de risos a lágrimas das que não se têm de prender por vergonha e esconder ou disfarçar. porque posso ser eu. porque só vocês me despem de fachadas.
porque na verdade estes km's não acabam com anos de histórias partilhadas e segredadas ao ouvido pela cumplicidade que se conquistou e se impõe até hoje.
este fevereiro vai ser preenchido de certezas e segurança em vez de expectativas furadas e promessas quebradas por desculpas sem argumentação possível.
amo-vos e espero-vos com uma ansiedade que não se quer esconder.
amo-vos e grito ao mundo a falta que me fazem a cada minuto que passa.

10.2.10

o video até que se tem de dizer que é uma piroseira pegada
mas gosto da música e digo-o sem pudores


7.2.10

a noite, que nunca soube ser boa conselheira aumenta a solidão. os olhos não fecham e o álcool despe as palavras de vestes finas.

de expectativas furadas e planos rasgados o coração luta por resistir mas alma quase padece. porque tu não vens. e assim o fevereiro vai ser igual a qualquer outro mês. sem ti. vai ser só mais um fevereiro sem sentido. os dias vão ser só mais uma etapa obrigatória do tempo com horas intermináveis e vazias.
porque a vida não é como nós queremos, dizes tu. explicas que não entendeste a profundidade das marcas e a intensidade com que foram sentidas. que não tiveste consciência do que estava ao teu alcance e que agora a distância decide por ti.

eu acedo. não te consigo contradizer. sem força nem coragem. dou a guerra como perdida e quase sinto o sangue a fugir-me. a pele a ficar fria e o coração a parar porque já não tem o que o faça bater. cerro as mãos com força e paro a lágrima que teimosa quer cair.

tenho momentos em que gostava de dizer o que até hoje só tive coragem de escrever.