31.10.10

higher hills do not provide for hearts born of coral and moss

voz firme e bela mas sem melancolia nem apego pelo passado. antes o fascínio dos lugares visitados do que dos momentos perdidos. melodias simples e belas, recheadas de palavras romantizadas e acordes anestesiantes. menina irrequieta e apaixonada.

e é em dias de noites mal dormidas que me lembro dela e me lembro das suas palavras. ela consegue exorcizar os menos crentes convertendo-os a peregrinos de uma linguagem de trovas modernas. de costumes e ritos pagões. é embriagante.


acredito que o vermelho é o novo e eterno preto e que as 03h da manhã são sempre mais difíceis em anos que não são bissextos.


é verdade. voltei a acender um cigarro pelo filtro e nem posso dizer que foi a chuva a distrair-me. acho que a culpa foi do isqueiro. morreu na minha mão logo a seguir.
um último sopro de chama.


30.10.10

marie-thérèse walter

pintaste bem o retrato.
sempre na mesma direcção e sem atravessar o contorno.


«mesmo distante, o som errante do relógio da meretriz...
ecoa despertando esperanças do menino que fui aprendiz.
feitiços que as minhas mãos teimam em rabiscar (...)»
pablo picasso

29.10.10

kazuo ohno


a mais bonita das homenagens a kazuo ohno só
podia ser pela voz de hegarty.
foda-se.
pele-de-galinha.
foda-se.


cavalo de madeira . fruto proibido . nós cegos


quel est ce chemin qui nous sépare
à travers je tends la main de ma pensée
une fleur est écrite au bout de chaque doigt
et le bout du chemin est une fleur qui marche avec toi
tristan tzara

28.10.10

a alquimia é simples e tem como ponto forte a voz do stuart staples. desesperado de amor, encontra um paralelismo de peles arrepiadas e respiração adiada, tal e qual, cohen. os ouvidos inocentes é que levam vantagem ao prestarem atenção, uma vez que qualquer tese sobre arte com estes meninos fica explicada logo à partida.
ao primeiro acorde.
não é complexo.
é vis-ce-ral.








27.10.10

they know you've been broken

ignore them tonight and you'll be alright...


26.10.10


magnifico material inútil

quis conhecer-te e perdi-me de mim.
talvez não tenhas passado de
um platonismo meu. ou então
és só mesmo narciso de mãos fortes
que abraçam a nuca num adeus seguido
de dois beijos dramáticos e apoteóticos
de uma verdadeira despedida. não.
não houve nada disso. ou se calhar
até houve. sofro de visões imprecisas e
distorcidas. enganos. troço de mim mesma,
sou a minha melhor piada de sempre.
ridicularizo-me. sou ophelia num charco.
achei que querias passar a fronteira e
amparar-me mas estava errada.
agora, em surdina, peço-te que fiques longe,
não preciso de mais emigrantes ilegais. conforta-me
de longe, por favor. já não quero conhecer
a tua textura nem o teu sabor. ampara-me daí,
chega. mal te conheço mas imagino a forma exacta
que a tua mão cai como uma concha
sobre o teu peito quando te deitas. e
isso comove-me. não te conheço e sei quantas
pestanas te caem por dia e quantos desejos
desperdiças.
há espaços que se nos tornam interditos, espaços
de encanto ou de hábito ou de ambos.
inesperadamente, todos os espaços
são proibitivos e as artérias transformam-se
em barreiras e valas e fossas que nem os nossos pés
nem a nossa vontade querem experimentar.
porque assim é que tem de ser. só porque assim
é que tem de ficar. um estúpido platonismo.
sem eira nem
beira.

24.10.10

21.10.10



Feliz Cumple, amiguita!!!



r.i: Whore.

Me: Eh

r.i: You have to do what I say, it’s my birthday.

Me: No I don’t.

Me: You aren’t born yet, thus you don’t exist; thus I don’t have to be nice to you.

r.i: You said in your blog you would be nice to me. I KNEW you couldn’t do it.

Me: CRAP. I forgot. Maybe I will try again next year.


(source: the big, the bad and the ugly)



Interessante mistura de elementos próprios da vida contemporânea em pinturas de mestres do século 15 e 14, nomeadamente Frans Hals e Rembrandt. Alguns exemplificados.

(por mr. alan macdonald)


20.10.10



nika roza
ou zola jesus como prefere ser chamada.

há quem diga que ela nos faz aprender que os sentimentos nunca são dignos de uma noite tranquila. que não é fácil lidar com um coração partido mas que no fim vai tudo correr bem. de letras impossívelmente românticas e voz estupidamente densa zola j. faz-me sentir cenário fantasmagórico num espectáculo muito muito intimista.


um coração partido
há-de ser sempre um coração partido.
por isso, não andem descalços no meu chão.

19.10.10



Oh, yes it is...

postcards from italy

«o que escresveste só a ti pertence»

dos teus olhos mongol ao nosso amor-combate.

«vaivém. és um vaivém meu amor, mas só a segunda sílaba me conforta. a primeira faz-me lembrar a todo o momento a falta que me fazes.»



nas pessoas, prefiro reconhecer qualidades.
recuso-me a fazer inventários tristes e pormenorizados de defeitos dos quais niguém se livra. a utopia anda de mãos dadas com a perfeição. e essa, é peregrinação para se fazer de calçado confortável e sem garantias - aprendi isso ainda em gaiata.

18.10.10


Ok... acho que percebi... i'm scared now....
(imagem M.D.)

17.10.10

nem tudo o que parece é

neste palco,
todos têm direito a plateia.

sem ordem de chegada sem cunhas ou lobies sem interesses ou jogos e sem maneiras ou sejá lá o que raio for.
todos, sem excepção.

a rapariga vudu



é feita de retalhos,
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração

tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotisar namorados.


tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
até tem um zombie
oriundo de frança


mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém se aproxima dela
perfura-lhe o coração.

@tim burton

16.10.10


(imagem M.D.)
E já disse tudo por hoje....


14.10.10

e quando os dias não são perfeitos.
é com estas coisas que ela me cala.


WTF?!


boca doce (?!), só se for de morango.



this is a story of boy meets girl, but you should know upfront, this is not a love story.
this is a story about love.


13.10.10

this charming man

e é assim que ele me faz sorrir...



«vai tudo correr bem
vai tudo correr
vai tudo
vai
bem
bem querer
tudo bem querer
vai tudo querer bem»


um dia digo o teu nome em voz alta.

12.10.10

éloge de lámour

'uma sugestão, posso?
não procures encontrar explicação em todas as coisas.
é essa a beleza do mundo.' - diz ele.


(...)
«dou comigo a achar, que mais uma vez, godard, numa linguagem muito sua, consegue fazer com o que à partida não faz sentido, nunca venha a fazer sentido, mas o sentido das coisas que se lixe porque o importante são os sentimentos. 'que os sentimentos provoquem os acontecimentos, não o contrário.' diz a dada altura godard cintando bresson. fala das quatro fases do amor como se lê-se as rugas da palma-da-mão. reitera que há amores que ficam e resistem e sobrevivem a guerras. 'a medida do amor é amar sem medida’. fala dos americanos com sete pedras na mão – e esse ‘ódio de estimação’ é óbvio quando uma personagem americana ao telefone se vê obrigada a admitir que os EUA são um povo sem nome sem história e que, por isso, têm de se apropriar da história de outros povos. (esse momento é, simplesmento, lin-do!) e por fim, a troca cronologica da côr, tendo como presente preto e branco e passado a côr saturada da gravação por video. é, genial. (e não existe pingo de exagero nesta minha descrição.) é um regalo. não por ser uma história linear mas pelas relíquias nela contida.», digo eu.

11.10.10

it´s beyond my control


ela:
olá croma

eu:
olá menina bonita.

ela:
que tens feito? faz tempo que não dizes nada.
no sábado acabei por não ir ao bairro por isso é que não disse nada.

eu:
fiquei o fim-de-semana na ronha. entre sofá e dvd's e ver mails e responder e terminar o mail que enviei ao 'john malkovich' em reticências. tipo:

blá blá blá

...
e assinei.

enlouqueci.
enlouqueci.
não há nada em minha defesa.
enlouqueci.

ela:
pois sim, enlouqueceste.


you'll find the shame is like the pain, you only feel it once.





porque sou messy. porque sou ruinas. porque já não sinto. ou não quero sentir, de todo. sou uma esquecida que lembra a todo o segundo o que não foi. e que quer partir espelhos, quer ver-se estilhaçada para depois sentir pena daquilo em que se irá tornar ao ver o sangue a escorrer, but she's too damn afraid. de tentar ser feliz outra vez, de nomear os seus defeitos, um por um por ordem alfabética. cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.cobarde.

não sei se as minhas ruinas serão valorizadas, nem sei se algum dia terei um autocarro de turistas a cantar o cumbaiá ou se me despenharei no penhasco mais próximo. sozinha e sem maydays.


ruínas são ruínas.
que foram.
que são


ruínas.



clamentine: i'm just a fuched up girl who's lookin' for my own peace of mind

10.10.10



se tu vês azul
se todos vêm azul
porque é que só eu vejo vermelho?
pronto, esta agora não me sai da cabeça
e a culpa é tua.

6.10.10

ora,

que este é um blog por vezes moribundo de atenção e
com tendências suicidas já se sabia.
que entre ausências e mais ausências
e outra vez as ausências
lá vai sobrevivendo
com curtos e arrastados batimentos cardíacos,
também.
e mesmo assim,
sem carne nem osso,
consegue agarrar a esperança pelos cornos e aguardar salvação
na tintura de iodo e mezinhas e poções.
afinal não se quer fugir ao hábito,
é como a marcha dos pinguins-imperador

não param e são inatas de tão bonitas.
agora, daqui, pouco ou nada se aproveita,

isso eu sei.
lá fora é o regresso da chuva,
dos casacos pesados que atrapalham,
dos guarda-chuvas às bolas
das franjas desalinhadas
da cafeína a mais
e calma a menos.
diminui o saldo bancário
mas aumenta a cinefilia por estas bandas.
no sofá, vai-se de jean-luc godard com éloge de lámour
a fernando lopes e o seu filme sobre a pina bausch.
de poesias do pessoa

à morte melancólica do rapaz ostra & outras estórias do burton.
com bilhete previamente comprado
e encontro marcado com brillante mendoza e a sua lola
obrigo-me a intervalar tudo isto com um pulo até ao europa
e um eléctrico chamado desejo no maria matos.
tindersticks
tindersticks
tindersticks
oh deus, até tremo só de pensar.
já para não falar do bicarbonato que se tornou vicio,
mas disso não se fala porque é segredo
e do gosto em falar com um desconhecido também não, isso não.
de repente vem-me à cabeça:
uma adulação repetida acabará inevitavelmente por tornar-se insatisfatória, e portanto ferirá como uma ofensa, já dizia saramago e agora digo eu.
será que com a chuva também chegou uma inocente ansiedade platónica?
épocas especiais alarmista sou meros apontamentos sublinhados com caneta flurescente?

enfim,
a verdade é que mais pó menos pó

lá se vai respirando por aqui.


por fim,
sem vestigíos de adrianices neste canto
vai não volta ainda mandas a tua cota para OPA