28.2.11

absens heres non erit


dei-lhe um pontapé na canela e enquanto ela se baixava para agarrar a sua dor, empurrei-a e obriguei-a a estatelar-se no chão. espatifou-se toda ali. bem perante os meus olhos. submissa nem ripostou. acredito que o cansaço a venceu e farta das mesmas estória de sempre sucumbiu apressadamente mas por misericórdia própria. julgo que começou a ser exaustivo, dia após dia, sempre a mais cruel das deslealdades e falta de rigor. um espelho com vontade própria. só reflectia o que lhe apetecia. algo que se julgava passageiro estava com vontade de virar hábito. como se fosse possível alguém antes de se atirar para o mundo lá fora, pegar nas chaves e na mala e coabitar o resto do dia com aquele último vislumbre; o reflexo de todos os monstros que habitam a carcaça que lhes serve de covil, ao invés, da imagem nítida dum corpo leve como se estava à espera. desde amores embalsamados a desapontamentos ainda em decomposição. todas as imperfeições a descoberto.
daí a violência. foi um caso de autodefesa e foi a minha auto-estima quem atacou.