20.1.11

fiz-te funerais, honestos ou não, venha o diabo e atire a moeda ao ar – quero lá saber. purguei-te. expulsei-te. condenei-te. raspei-te de mim e transformei pele em carne-viva. ofereci-te o meu corpo em vão e permiti que nele tivesses quarto privado com vista directa para um sorriso que não reconheceste rendido. para um olhar que nunca soubeste compreender. acho que os teus olhos nunca se estacionaram nele, perderam-se sempre entre encruzilhadas e a vastidão da perspectiva. não há contentamento que te chegue. não há.
apaguei-te. e até cheguei a considerar – e repara até que ponto chegou a minha insanidade - atirar-te areia para os olhos. entregava-te a desculpa na palma das mãos. afinal, até que ponto se poderá imputar culpas a uma visão turva e distorcida. achei que ao estacar o pulsar do teu sangue enquanto me levavas em braços quentes, seria a contenção necessária para te atirar para um esquecimento que nada tinha de precoce. sem socorros de última hora. sem lacuna’s inc. enviava-te a ti mais todas as lembranças cano abaixo juntamente com todos os teus alter-egos. - sério, leva-os a todos contigo.
ofereci-te palavras sentidas enquanto tu roubavas a pouca dignidade que lhes restava. a elas. a mim. nunca lhes deste o valor que acreditei e investi nelas e num rude método linear foram entregues à depreciação. erro crasso, meu amor. erro crasso. vergonhoso abandono de causa como testemunha ocular num crime passional.