28.11.09

DE REPENTE do riso fez-se o pranto

silencioso e branco como a bruma

e das bocas unidas fez-se a espuma

e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

de repente da calma fez-se o vento

que dos olhos desfez a ultima chama

e da paixão fez-se o pressentimento

e do momento imóvel fez-se o drama.

de repente, não mais que de repente

fez-se de triste o que se fez amante

e de sozinho o que se fez contente

fez-se do amigo próximo o distante

fez-se da vida uma aventura errante

de repente, não mais do que de repente

vinicius de moraes in "o operário em construção e outros poemas"


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