7.11.10

mitos do coração


lembro-me com muito carinho. desse tempo, que não há muito tempo atrás. a cumplicidade poética ditava o percurso das palavras que dispensavam os corpos para se conhecerem. as palavras pareciam estar intrinsecamente ligadas e sem necessidades ou exigências. pequenas mensagens refractoras da realidade que permitia a aproximação sem materialização. era como inaugurar técnicas paradoxais da construção da realidade dentro da relação humana com a arte e elevar tudo a um ponto de entrega que até então se desconhecia. foi fácil cair de joelhos. éramos amantes sem nunca o termos sido e sem intenção para tal mas com a mesma cumplicidade.

hoje descubro sozinha que existem coisas que de tão poderosas nunca poderão ser dissecadas sob pena de quando as revirmos a excitação o crescendo e o aperto se afastem de vez. afinal, ter sentimentos escolhidos para alimentar um tornado emocional de média escala não é terapêutico nem faz sentido. as coincidências, essas, continuam a existir. a minha ingenuidade é que fechou para balanço.


a cumplicidade poética não existe, é a lição de hoje. e de amanhã. e depois.