7.2.10

a noite, que nunca soube ser boa conselheira aumenta a solidão. os olhos não fecham e o álcool despe as palavras de vestes finas.

de expectativas furadas e planos rasgados o coração luta por resistir mas alma quase padece. porque tu não vens. e assim o fevereiro vai ser igual a qualquer outro mês. sem ti. vai ser só mais um fevereiro sem sentido. os dias vão ser só mais uma etapa obrigatória do tempo com horas intermináveis e vazias.
porque a vida não é como nós queremos, dizes tu. explicas que não entendeste a profundidade das marcas e a intensidade com que foram sentidas. que não tiveste consciência do que estava ao teu alcance e que agora a distância decide por ti.

eu acedo. não te consigo contradizer. sem força nem coragem. dou a guerra como perdida e quase sinto o sangue a fugir-me. a pele a ficar fria e o coração a parar porque já não tem o que o faça bater. cerro as mãos com força e paro a lágrima que teimosa quer cair.

tenho momentos em que gostava de dizer o que até hoje só tive coragem de escrever.