8.12.10


pareces um artista de circo caído em desgraça e tento imaginar-te com uma bola no nariz. não funciona – os palhaços quanto muito são tristes, não têm aqueles olhos melífluos. és um estratega e só tarde demais me veio à ideia a hipótese da malvadez da tua conversa. a aura de entretenimento esfumou-se no instante em que o meu sorriso perdeu a graça e se transformou num gesto mecânico.
não me retiro culpas. a verdade é que me deixei embalar e só quando o aviso agudo da auto-preservação se fez sentir é que fugi - mas tu fugiste primeiro. ninguém me tira da cabeça que aquilo foi fugir; ensinam-nos evitar sempre os confrontos e a violência. não foi engano.