22.12.10

período de nojo


já várias pessoas tinham tentado mas tu foste o único que estiveste perto de me conseguir envergonhar e enxovalhar ao ponto de quase me desfazeres.

diz-me, não estranhaste que «uau» fosse a única palavra de retorno àquela ode insultuosa? já me devias conhecer melhor joão. já me devias conhecer melhor. vamos fazer o seguinte, já que tu lavaste a louça eu limpo e arrumo. a casa quer-se arrumada duma vez por todas.

nunca te exigi nada. pedi.
nunca cobrei. só nunca consegui aceitar uma amizade feita de resíduos (que se provaram hoje, toxicos).
nunca esperei que me considerasses a tua melhor amiga, mas acredita, nunca pensei que me visses como alvo a abater. inimiga que nem ‘arqui’ chega a ser. massa a destruir. alguém assim tão feio. alguém por quem não temos em conta as palavras duras que utilizamos para as abalroar. desconhecia esta tua esquina. não quero lá voltar a passar. já lá fui atropelada uma vez, não me voltas a apanhar distraída.
nunca quis ser tua confidente. com medo por receio de saber tudo ou saber demais. queria sim, conseguir ter conversas práticas circunstanciais sobre o dia-a-dia sobre tudo e sobre nada sobre o livro que estás a ler ou sobre o último filme que viste sobre o frio e a neve sobre os lugares que visitas e sobre a comida que se baseia em massas pão e tomate. eu falar-te-ia do livro que ainda não li do filme que quero ver e da nova música que explica a razão da pele-de-galinha. porque eu sou assim. e já devias saber disso. não queria segredos queria banalidades. o mesmo tipo de conversa que se tem com alguém com quem nos cruzamos na rua e ficamos contentes por reencontrar. a quem sorrimos e mostramos o coração nos dentes. só porque somos simpáticos sem qualquer outra razão adicional. nunca quis mais do que outrora já tinha tido, mas que vergonhosamente perdi. talvez entre palavras mal traduzidas do teu espanhol talvez entre um ou outro erro ortográfico meu. queria uma amizade. uma amizade das boas sincera e verdadeira. independentemente da distância e dos dois mil e quinhentos kms e temas e expectativas e realizações. tenho uma grande dificuldade em entender como se pode querer mal a alguém que sempre nos desejou bem. isso cheira a cruel desnível emocional. sim, porque dá para entender em cada palavra tua. principalmente quando depois de me atirares para o chão de me rasgares a roupa por mera humilhação e pontapeares o estômago vezes repetidas sem dó nem piedade terminas dizendo que esperas que encontre paz. porra, deixa de ser um-sacana-ironico-sem-coração, ou talvez, e arrisco em dizer dado o avançado da hora da tua mensagem, não respondas a e-mails inocentes com alcool a mais no sangue! (agora sim, uma ofensa para uma condenação injusta, mas que dá para entender o quanto eu já me estou a lixar para a absolvição, não a espero e já nem a quero).

preciso que percebas que quando chamo «período de nojo», «nojo» significa mesmo nojo.