2.6.10

arrancaste-me à força e contra vontade a possibilidade de sonhar. e eu que só queria que me calasses com um beijo. e vais tu e repetes o que eu fingi não ter ouvido à primeira. da troca de melodias aprazíveis a recados entre versos feitos à medida. da intensa paixão à pedra de gelo foi tudo muito rápido. tão rápido que não deu tempo para dar um ai. apresso-me a pôr-te no mesmo saco onde coloquei todos os outros de comportamentos iguais. chegam calmos mas sem hesitações batem a porta com tanta força que o intimo estremece e se assusta. e depois de assustado não há volta a dar - donde vem esta displicência só o diabo sabe.

e aos meus olhos que faziam rugas de força e lutavam para se manter fechados e levar o coração ao sonho tu obrigas-me a arregalá-los perante a verdade que não se mostra bonita. « dei-te o mês da minha vida e um mês é de valor. e tu podes ser bastante querida mas não é preciso a dor para provar o desamor (...) é que havia certa esperança que podia ser só dança mas afinal era apenas beijo em pó. » falas de abanão, eu falo de uma catarse emocional.

este assunto morreu e fui eu que o matei. o seu corpo jaze aqui.