28.6.10

lembro-me bem de ti nobre trovador de lirismos nada boçais.
lembro-me do fascínio em te ouvir à hora do jantar pela forma singular e peculiar como falavas. mal eu compreendia a complexidade do que tão bem fazias. a forma densa como declamavas grandes escritores e poetas.
o meu pai não gostava de ti ou talvez, e simplesmente, não gostasse dos teus ideais políticos, meras confusões de gente sofrida. só mais tarde com a ajuda de saramago percebi tais pedras no sapato. "porque merda tenho de celebrar o 25 de abril? tenho um imenso respeito pelas pessoas que o fizeram, mas um enorme desprezo pelas pessoas que o desfizeram". - não fazias parte dos que desfizeram mas vestias a mesma cor, daí a confusão.
politiquices que não me impediam de sentir hipnotizada a cada aparição tua.

encontrei-te hoje neste manifesto anti-dantas de almada negreiros e ouço-te novamente a entoar palavras proféticas e a descrever o nosso portugal que, até mais ver, padece de cegueira incurável.