16.2.09

Tarefa de vida



Existe um provérbio antigo que diz, “parir é dor, criar é amor”. Concordo. Ora vejamos.
O horror começa logo a partir do momento em que nos fazem começar a vomitar tipo Regan MacNeil (Linda Blair), no “The Exorcist”. Todos os dias de manha á tarde e á noite. Antes de comer por causa do cheiro, não que a comida cheire mal, mas simplesmente porque cheira. Depois de comer porque o nosso estômago anda tão fragilizado que já não se aguenta nada lá dentro… Qualquer razão nos faz ir enfiar a cabeça dentro da sanita.
No meio disto tudo já nem vou falar das estrias, dos kilos a mais que mesmo depois da gravidez não nos “deslargam”, as duas bóias que emergem de forma surreal, a retenção de líquidos que nos torna tão esburacada como uma estrada secundária e nos últimos meses, as dores nos rins, os tornozelos inchados, as almofadas uma debaixo da barriga outra entre as pernas.
O dia D! O dia do parto, que devido à dor física, regredimos a Primatas caso não nos droguem, e muito!
Depois vem uma espiral de noites sem dormir, fraldas, fraldas e mais fraldas, a papa, a sopa, a primeira comida sólida, começam a andar tipo “lusco-fusco”. Ora estão, ora já não estão. Quando começam a falar e temos a sorte divina de serem disléxicos, e em vez de fruta, fazem uma birra porque não querem comer a puta, isto, num restaurante cheio.
Vão para o infantário, vão para a escolinha, a preparatória, liceu e universidade. E durante esse tempo todo só nos deram dor de cabeça, quando mordeu o miúdo e puxou o cabelo à miúda. Quando de manha fazem AQUELA birra, só por querem vestir a máscara de carnaval do ano passado e resistem fortemente à explicação de que ainda faltam mais seis meses até que possa envergar novamente tal indumentária. A entrada para a preparatória em que se traduz no inicio do seu “estudo psicodinâmico” que só termina na saída da universidade, (em alguns casos não termina nunca!). E durante este tempo todo, doei-nos a alma, com tanta fase da prateleira, com tanta resposta torta e ingratidão…


De facto, só com muito amor conseguimos esquecer tudo e transformar vomito em “as primeiras manifestações de gravidez…”, a estrias, kilos e afins, terem data cronológica equivalente á semana de gestação e crescimento do bebé. O aumento do peito, sempre foi uma forma positiva de poupar na cirurgia plástica para por silicone e um petisco para marido… e filho, tornando a amamentação num dos momentos de ligação entre mãe e filho mais maravilhosos. O nosso comportamento primata revelado durante o parto, é abafado … quando o nosso marido nos deixa de ver como a mulher… para sermos A Mãe do filho. Em que o nascimento de um filho acumula no amor comum, um amor em comum.
Todas as etapas da sua personalidade, do o seu crescimento e desenvolvimento intelectual, são no fundo, a projecção de toda a disciplina, conhecimento e amor que transmitimos como pais. Criadores de um ser humano em toda a sua plenitude.
Ter um filho é a única oportunidade que temos, de sentir o verdadeiro amor, o Amor Incondicional.