26.4.09

Cannes 2009 #1


Infelizmente ainda não me foi possível começar a correria ás salas de cinema para começar a visualizar os filmes que fazem parte da Selecção Oficial. Mas com toda a certeza, tenciono começar a faze-lo, se possível, ainda esta semana.

Ao contrário do que aconteceu o ano passado, em que houve muita parra mas pouca uva, em que a meu ver, só as longas: A Christmas Tale, Waltz with Bashir e The Class, fizeram a regra. (em Cannes, julgo que estamos sempre à espera de mais e melhor). Este ano como que em contradição ao ano passado, temos uma promissora selecção. Realizadores controversos, realizadores a estriar e realizadores cliché, como Tarantino e Almodover. Confesso que é para eles, que a minha atenção está virada, mas também estou espectante em relação ao Lee com o seu Taking Woodstock, tal como a restante selecção Asiática, em especial o Thirst e o Vengeance.


"Pedro Almodóvar regressa com sua musa favorita, Penélope Cruz, em Los Abrazos Rotos.
Um projeto que se insinua com cinema noir, melodrama e comédia durante um enredo que conta a história de dois casais, os seus amores e desamores. São paixões intensas e cruzadas, donde explode ciúme, vingança e abusos terríveis. Uma estória dominada pela fatalidade e a culpa. Um filme sobre amor e, em parte, um filme sobre filmes.

Sua atmosfera se remete aos thrillers americanos dos anos 50. Essas películas cheias de decepções, traições e segredos obscuros, onde surge apenas infelicidade. Em uma das cenas, um dos personagens distribui sobre a mesa várias fotografias. São aleatórias como seu mundo fragmentado e caótico. Imagens do passado. Um lugar sem tempo que não cabe ordenar. O filme de Almodóvar é um reflexo dessa mesa, repleta de imagens desprezadas. Suas cenas se sucedem umas as outras sem que haja relação de casualidade. Fragmentos isolados que falam do profundo sentimento da vida.
O filme fala justamente desses abraços. Espontâneos. Frouxos. Rotos. Há um tempo para cada coisa e um momento para fazê-la sob o céu. Um momento de nascer e um momento de morrer. Um momento de semear e outro de colher o campo cultivado. Um momento de abraçar e outro de separar-se, dizia o Eclesiastes.

Almodóvar fala também de sua paixão pelo cinema e, certamente, seu filme está repleto de numerosas citações. São filmes e diretores queridos: Viaggio in Italia, A Tortura do Medo (Michael Powell), Ascensor para o Cadafalso (Louis Malle), Pérfida (William Wyler)… Los Abrazos Rotos é um tributo ao cinema, não de um cinéfilo, mas de um verdadeiro amante e, portanto, uma mensagem subliminar: Como se Almodóvar nós dissesse que o cinema - Os filmes que amamos - nos alimentam e prolongam nossa vida.
Consequentemente, seu protagonista é um diretor de cinema que insiste em terminar um filme que talvez ninguém veja e sofre a vingança do milionário ofendido que trata de destruir essa fita. A idéia é magnífica, afinal esse é o pior pesadelo de um diretor: Que seu filme seja a montagem das piores escolhas. É uma vingança terrível e tão comum para Almodóvar que sempre enfocou a arte como salvação em sua filmografia."
in spoiler