30.4.09

vermelho-amor e uma solidão desconcertante
Já não digo o teu nome. Faz tempo que o que tivemos não ganha descrição cuidadosamente pormenorizada, para assim, ser mais fácil perpetuar. Já não tento ter uma desculpa esfarrapada, rota, para explicar a ausência.
Impulsos derrotados, guardados a sete chaves com o medo de ser ainda mais infantil. Caricato de sentir. Limitador por não ser capaz de verbalizar, sem rodeios.

Os dias vão passando. A solidão quase se toca de tão física que é, fazendo desvanecer a recordação do que já foi maravilho em tempos, de possuir. De ter como só meu.

A perna que procura a outra só para entrelaçar. Como se o gesto fosse manter o elo. O elo entre duas almas que se percebiam a cada nova percussão.
O jeito meio tosco pertencente a cada acção, delata o nervoso miudinho. A vontade entranhada de querer ser submissa ao vermelho-amor.

Todos os dias, a mesma rotina viciosa de te procurar sem querer admitir.

Um coração míope por causa-efeito. Um coração que insiste recorrer a um sexto sentido avariado. Sem arranjo. Que já falhou tantas vezes que não traz confiança. Que não deixa acreditar que algum dia venha a acertar. Que talvez o vermelho-amor não seja a sua cor. Que talvez nele não corra sangue porque está vazio. Se é que algum dia conseguiu sentir-se cheio.

As fraquezas diárias tornam-me mais vulnerável. Causam a certeza que mais uma vez tenho de recorrer e responsabilizar o tempo no processo da minha emenda.
O problema é que o tempo escasseia e eu tenho medo, de ceder ao que sei que nada me vai trazer.






Waited for Jimmy down in the alley