26.4.09

Homens de carne viva




Em modo de recordação, hoje respirou-se história, orgulho, cultura revolucionária. Hoje a sapiência foi popular. A História é contada, por muitos, na primeira pessoa.

Nunca a literatura em Portugal, esteve tão bem representada, nunca teve tanto peso, tanta força no seu conteúdo.
Mas foi a música que teve um papel capital. Houve quem através dela, conseguisse encontrar a senha indicadora.
Músicas de intervenção com letras intemporais de palavras em riste, prontas a lutarem em nome de fortes convicções ideológicas e politicas.

Tempo em que fumar era cool. Em que os cafés eram locais subversivos frequentados por dissidentes, tempo em que nunca os cafés souberam tanto. Em que fazer a Unidade era o movimento de ordem. Em que os verdadeiros intelectuais do nosso País eram oprimidos pelos que queriam limitar o povo, pobres mendigos da cultura. Homens de carne viva que nos ofereceram a liberdade como legado. Uns abandonados pela Pátria, caluniados, catalogados, excluídos, presos e exilados.

Em lembrança aos meus tempos de gaiata, em que ainda estávamos no rescaldo da Revolução dos Cravos, em que a música do Zeca Afonso insistia em não nos deixar nos intervalos no liceu, em que era algo visceral, de dentro para fora. Em que as palavras do Luiz Pacheco, finalmente, podiam ser lidas como uma forma de Arte, e não, como demências ou obscenidades. Em que o Jorge de Sena já tinha desistido do seu espaço mas nunca da Alma Lusitana. Em que não dão tempo ao David Mourão Ferreira para por em prática o que poderia ter sido. E o Lobo Antunes começa a fazer mossa.
E muitos outros, que de momento não me fazem memoria, mas que não deixam de ser os nossos herois.
o que para mim, poderia ser oficializado como Hino Português



Não refiro a óbvia e catalisadora importância dos nossos Militares, impulsionada por uma humilde pretensão em reflectir aqui, algumas das minhas paixões. A Literatura e a Música.