8.4.09

Por motivos que me ultrapassam ou que em nada me pertencem, estou a perder todas as minhas pessoas.



o grito que se solta
espaço a espaço

que se afunda mole
e aderente

que se adivinha
curvo e apertado

que é atmosfera
inconsciente

o grito que se insinua
pela tarde

se insinua mudo
incoerente

no vértice do mar
no espelho em face

na face que recorda
e se persente

o grito que se sabe antigo
imenso

que ao sol se alastra
levemente

e levemente oscila
e se contorna
assim e devagar
serenamente

serenamente finge
e ignora

serenamente nu

serenamente

o grito que em tristeza
cai lá fora
no espaço que da chuva se
desprende

Maria Teresa Horta in Antologia Poética