Por motivos que me ultrapassam ou que em nada me pertencem, estou a perder todas as minhas pessoas.
o grito que se solta
espaço a espaço
que se afunda mole
e aderente
que se adivinha
curvo e apertado
que é atmosfera
inconsciente
o grito que se insinua
pela tarde
se insinua mudo
incoerente
no vértice do mar
no espelho em face
na face que recorda
e se persente
o grito que se sabe antigo
imenso
que ao sol se alastra
levemente
e levemente oscila
e se contorna
assim e devagar
serenamente
serenamente finge
e ignora
serenamente nu
serenamente
o grito que em tristeza
cai lá fora
no espaço que da chuva se
desprende
espaço a espaço
que se afunda mole
e aderente
que se adivinha
curvo e apertado
que é atmosfera
inconsciente
o grito que se insinua
pela tarde
se insinua mudo
incoerente
no vértice do mar
no espelho em face
na face que recorda
e se persente
o grito que se sabe antigo
imenso
que ao sol se alastra
levemente
e levemente oscila
e se contorna
assim e devagar
serenamente
serenamente finge
e ignora
serenamente nu
serenamente
o grito que em tristeza
cai lá fora
no espaço que da chuva se
desprende
Maria Teresa Horta in Antologia Poética