6.6.09

"somos a fachada duma coisa morta"



A verdade é que existem pessoas neste Mundo, com as quais é difícil chegar a um entendimento. Pessoas que se gostam porque não se sabe detestar, pessoas que tornam o afastar, uma estranha forma de gostar.

No entanto, essas pessoas também se apaixonam, choram, sofrem e morrem da mesma maneira.

Quando se pensa assim, pensa-se em perdoar e não se consegue perpétuar mágoas, é essa a minha convicção. Tudo se transforma numa coisa que observamos de longe. Como se se olhasse do alto do céu azul. Se a luz e as nuvens são bonitas, também essas pessoas parecem bonitas. Se o vento for agradável não será de lhes perdoar? Não será possível, enfim, pensar que se gosta delas?

Olhar para elas com uma disposição triunfante e torná-las o nosso ponto forte.
Por exemplo, as centopeias: mesmo que uma pessoa as deteste completamente, não será um pouco melhor afastarmo-nos um metro em vez de olharmos para elas de cima? E se nos afastarmos dois metros, não será ainda melhor? Mesmo que uma pessoa se afaste até ao ponto de já não as conseguir ver, não se esquece do facto de que as centopeias existem, não é? E, no entanto, não será preferível?

Não há outra solução senão uma pessoa afastar-se.

Os problemas surgem nos casos em que infelizmente já tenham entrado no coração.

A essas que entraram sem bater. A essas em que a saudade ocupou o lugar, transformei-vos em pequeninas, e assim, consegui guardar-vos numa caixa igualmente pequenina, tornando tudo mais suportável.
Mas, francamente, anseio pelo dia em que possa tirar-vos da caixa e voltar a olhar-vos como ninguém.
Espero um dia deixar de vos esperar. Espero que um dia as mágoas sejam guardadas em vosso lugar, naquela caixinha, bem pequenina.