26.12.09

já disse e repito, a música para mim é essencial como pão para a boca. acho que não existe momento na vida que esta cabeça de peter pan não seja capaz de introduzir uma banda sonora em tom de mnemónica.
dá mais gosto a tudo e aconselhasse.
o amargo tornasse um pouco mais doce e o acre desaparece da língua como que por magia. as lágrimas deixam de cair paralelas e apressadas e o sorriso ganha vontade e resolve dar as caras. as mãos que antes não sabiam onde se guardar começam a ganhar um ritmo que as faz adquirir um compasso, um sentido, uma missão. mesmo que lento, presente e útil.
da lágrima faz-se o sorriso, é isso.
não há cá músicas azuis, ou vermelhas ou de várias cores. há música. simplesmente música. não há música que nos puxa para baixo, mas sim, música que nos levita nos leva e abraça e aquece.
curioso como a bioquímica se reflecte na pele e a excita e quase a sinto rasgada e desprotegida, exposta ao exterior. despida de qualquer socorro, fraca e a implorar por amparo.


so try to be somebody

so try to feel somebody

so try to leave somebody

so hard to be somebody

you shall be my king



24.12.09

Christmas number one single in UK*

isto é que é música de natal!

oh

oh

oh

merry

christmas

nada de melancolia, já dizia o querido mexia.
e já que o cheirinho por aqui é dos dezassete fica sempre bem dizer

rage era só mais uma das minhas bandas. nunca a principal.
toda eu era pearl jam. toda eu ainda sou. foi fase que se entranhou debaixo da pele e não saiu até hoje. os pearl ganharam sem esforço o seu canto entre a epiderme e a derme e viram-me crescer, sem nunca abandonar o barco. aproveito para me queixar do youtube e dos seus embeddings disableds, como quem diz, embêbedos disabilitados, que são o que eles são. lixam-me sempre os planos mais bonitos.no entanto, os senhores ainda hoje mexem comigo como poucos.
é de ir às lágrimas vezes sem conta com o last kiss , é ganhar força e raiva que se desconhecia com o alive, é gritar de seguida um i wish I was a neutron bomb for once I could go off I wish I was a sacrifice but somehow still lived on, é o tentar-algo-de-sensual com um black é o cantar o even flow em plena rua e de semáforos fechados, é o ser paciente e dar a pele a alguém para usar, sem fazer perguntas, é o aceitar um corte e a passagem para sonhos a cores ou a vermelho com o better man, é cantar o yellow ledbetter na banheira e sair a pingar e a rir com ar de míuda ao perceber que a mãe estava a ouvir.
cada música, cada sentença. exagero ou não, vou agindo na vida de acordo com as letras deles. é por capítulos e fazem sentido.
pearl é visceral.
eles estão sempre presentes, e não morro sem os ver mais uma meia dúzia de vezes.

21.12.09

Lei de Proust

19.12.09

nunca fui muito boa em resumos, os dedos têm tendência a ficar entorpecidos e as ideias não obedecem a uma ordem fiel.

prefiro deixar por contar o que nem merece ser contado.
não fazendo qualquer questão pelo desperdício nas palavras. à gente que nem nada merece.

e num flash um velho mito vem à baila, as pessoas más deviam ser coxas e ter um sinal na testa, logo de seguida penso no ridículo dessa ideia. mas penso-o com a vontade de não querer deixar cair um mito por terra, afinal os mitos querem-se intactos, porque assim é que deve ser.

depois vem a sede da esperança já outrora mil vezes questionada, de que o que hoje não faz sentido algum, amanhã poderá tornar-se a epifania e a entrada para o que tanto se esperava.

com o orgulho que corre nas veias de ter uma alma limpa - algo raro nos dias em que correm.
com um mau feito internacionalmente conhecido mas de uma pureza que não se encontra mais.
sim,
eu
sou
assim.
o final da ingenuidade que se lixe, porque eu ainda não estou preparada.

fecho os olhos e durmo com este pensamento.
lá fora neva.


13.12.09

make yourself free,
make yourself grow




o melhor e desembrulhar tudo para descomplicar.
e aceitar o quanto maravilhoso pode ser o imprevisto.
(digo isto, vezes repetidas e a perder a conta para o tornar real - vamos ver se e desta)

11.12.09

o coração não esquece o que ouve.
e algum dia terá de sair deste estado de obediência inútil.



Florence and The Machine - Kiss With A Fist music video

Florence and The Machine MySpace Music Videos

30.11.09

estou a precisar de calar esta saudade sem razao.



28.11.09

DE REPENTE do riso fez-se o pranto

silencioso e branco como a bruma

e das bocas unidas fez-se a espuma

e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

de repente da calma fez-se o vento

que dos olhos desfez a ultima chama

e da paixão fez-se o pressentimento

e do momento imóvel fez-se o drama.

de repente, não mais que de repente

fez-se de triste o que se fez amante

e de sozinho o que se fez contente

fez-se do amigo próximo o distante

fez-se da vida uma aventura errante

de repente, não mais do que de repente

vinicius de moraes in "o operário em construção e outros poemas"


first aid kit
silêncio. cama. escuro. olhos fechados. veludo negro

depois da mudança de código postal e de tudo e mais alguma coisa. Depois dos amuos que nem gente grande, de lágrimas secas por lenços de papel já meios desfeitos com cheiro a mentol e depois de ter deixado de ouvir o coração bater por alguns segundos com a emoção do cheiro a novo no meio da pequenez do desconhecido. e depois de noites monocromáticas para controlar a ansiedade e agora a saudade, essa, que nunca acaba e só cresce a torto e a direito.
resolvi vir aqui espreitar este tasco com tendências suicidas mas que teimoso se vai arrastando já sem escalpe (e lembrei-me dos basterds). que nem mesmo estando meio roto e esburacado por ausências e mais ausências que resfriam o sangue mas não o param, lá vai resistindo com curtos mas incessantes batimentos cardíacos.

os serões de agora, esses, tapados a manta com gosto a melhor reencontro do ano, são apreciados com preceito e a rigor. fragmentos refrescantes e dignos de apontamento para a rotina que antes se acreditava chata e sem tempero, e que agora é tão apetecida pela pontuação encontrada no seguro.

arrecadasse até agora, o princípio do Mundo e o fim da ingenuidade - até mais ver.


2.11.09





e agora vou chorar um bocadinho, só porque dizem que faz bem...

1.11.09

So let your hips do the talking


o meu último concerto em Portugal...

1950-2009


"Ainda ontem pensei: em 2008 faço 40 anos de rádio. Já não é o bichinho da rádio que morde, já sou eu que sou o bicho da rádio!"

António Sergio em entrevista dada ao Blitz em Outubro de 2007

30.10.09

lisboa cheira a castanhas

... e eu hoje comi meia dúzia!

29.10.09

EU QUEROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!




porque adoro maratonas visuais (julgo serem quase 7h de documentário). porque é intemporal e sempre actual. porque em catraia e sem qualquer explicação adorava os desenhos do Guillian. porque me fazem rir. porque é um item obrigatório.



hoje acordei assim.
com os lábios ainda fartos da cerveja de ontem
e estupidamente carentes dos teus.

28.10.09

A thousand butterflies, your lips to mine


esta é das boas.
combina com o sol que insiste
em não se esconder.
e dá vontade de dar beijinhos
e abracinhos na areia
e esperar pelas estrelas
sem nunca dizer adeus

27.10.09

para apontarem na agenda


5 dezembro - lux



16 de janeiro

place to be

hoje foi o segundo dia consecutivo que acordei ao som de nick drake.
é de rotinas destas que eu preciso, nem mais nem menos.


26.10.09


antes de saíres para o trabalho, arrumas à pressa o dia anterior
para debaixo da cama.
antes de saires para o trabalho
guardas o coração ainda adormecido
bem dentro do teu corpo
ainda adormecido

e esqueces essa canção que já não passa na rádio
mas que vive secretamente dentro de ti.
fechas a porta à chave com duas voltas e sais.


25.10.09

Escondi-te parte da verdade no meu pueril atrevimento,

as lágrimas não foram só por sentir Saramago,
foram por ti.
foram pelas saudades que tenho que tenho de ti.
por esta teimosia inexplicável
por esta estupidez que só me diminui.

não me deste os parabéns.
foste a única pessoa de quem senti falta.
que me fez correr para a caixa de e-mail
com a ilusão de te encontrar por lá
com palavras retóricas, sim
mas sempre cordiais,
sempre afáveis e reconfortantes.

mas não foi a falta de palavras que magoou.
foi o perceber que já não te lembras de mim.
que fui mal adjectiva e precocemente esquecida.
mal posta num saco qualquer, atirada para um canto como uma
velha boneca de trapos.

"porque é que escolhes sempre o caminho mais complicado?" - disseste tu.

pois sim, tentar compreender os outros, por vezes, pode ser complicado e trabalhoso. ignorar é muito mais fácil.

23.10.09



depois de ouvir um dito teólogo a tentar a todo o custo rebater qualquer argumentação do grande, mas muito humilde, saramago.
posso dizer que fiquei com uma dúvida:


sr. teólogo, se a bíblia é assim tão preenchida de figuras de estilo, raios!? como é que estão à espera que seja etendida pelo crente, um comum mortal?
a meu ver, a bíblia é o que lá está escrito (ponto!), caso contrário, fica restrita a um pequeno grupo de eruditos e críticos literários, certo?


este já cá canta!




22.10.09



sou pessoa. tenho coisas cá dentro! - já diz a outra.


Quarteto Moderno

Quarteto Moderno


se há coisa que eu gostava de ainda vir ao ouvir falar, e muito, era destes meninos que têm um gosto musical, a meu ver, simplesmente sublime. com todas as forças estão a tentar perpetuar grandes clássicos da música portuguesa.
tal como os Amália Hoje, e com isto, não quero comparar o plano musical, mas sim, a intenção - se me é permitido dizer. Eles dão cor ao monocromático, não deixando cair pelo caminho pitada do glamour dos velhos tempos, alcançando no conjunto musical e vocal, uma harmonia quase divinal, que nos faz cruzar o tradicional e o contemporâneo.

ar completamente refrescante para tempos tão musicalmente poluídos.

inconsulável, não há palavras...



já comecaram a divulgar o cartaz para o único festival em Lisboa que nos traz música da boa:

Patrick Watson

Little Joy -o novo projecto do baterista dos Strokes, Fabrizio Moretti.

Ebony Bones

The Legendary Tiger Man

Voxtrot

Beach House

Wave Machines


já não estarei por terras lusas.... estou de rastos!...


"A Zero em Comportamento em parceria com o Hong Kong Economic and Trade Office de Bruxelas, apresenta de 28 de Outubro a 1 de Novembro de 2009 no Cinema Londres, uma mostra dedicada ao cinema de Hong Kong.
A mostra tem como objectivo dar a conhecer uma selecção da melhor e mais recente cinematografia de Hong Kong. Serão exibidos sete filmes, que demonstram a diversidade e a vitalidade da produção cinematográfica contemporânea de Hong Kong."

Os filmes incluídos no programa são:
Sparrow de Johnnie To (realizador homenageado no IndieLisboa’08)
True Women for Sale, um melodrama de Herman Yau
Tactical Unit-Comrades in Arms, um filme de acção de Law Wing-Cheung (sequela de PTU de Johnnie To)
High Noon, um drama adolescente Heiward Mak
Once Upon a Time in China, a célebre trilogia de Tsui Hark a quem prestamos uma homenagem

Programação

fonte: e-mail IndieLisboa

20.10.09

Doclisboa 2009


Com tanta locomoção à minha volta e com o desassossego em que me encontro derivado à minha ida para Londres, quase me escapava evidenciar a obrigatoriedade que se impõe em desfrutar da extensa variedade da programação do Doclisboa 2009.

Com 200 filmes a serem exibidos por várias salas de cinema lisboetas, confesso, que me captaram a atenção os trabalhos: Escrever, Escrever, Escrever; Hasta La Vitoria; Poussieres D’Amour – um dos preferidos do falecido erudito, João Bérnard da Costa; La Danse-Ballet de l’Opera de Paris e o trabalho colectivo Loin Du Vietnam de Jean-Luc Godard, Alain Renais e a Àgnes Varda, já nossa conhecida com as suas praias - documentário que ainda se encontra em exibição. Posso adiantar para quem ainda não viu, que é daqueles trabalhos de um egocentrismo puro mas do qual se tem de gostar, por se sentir que é feito pelo amor à arte, ao cinema.

Nesta vasta programação, vamos ter também actividades paralelas como: Masterclasses com Gianfranco Rosi, Petr Lom e o grande Jonas Mekas, o próprio. O homem que é simplesmente considerado o pai do cinema de vanguarda.
O litiuano, alcançou a sua imortalidade quando revolucionou o cinema underground nova-iorquino na década de 60, com as obras: Andy Warhol, Alan Ginsberg, John Lennon e Yoko Ono e Salvador Dali.
Neste Doclisboa, Mekas, vai também apresentar o seu mais recente trabalho, An American Film Director At Work: Martin Scorcese.

Vão também realiza-se Workshop de realização, colóquios, forum debates, vidioteca e After Docs no Cinema São Jorge. É de destacar no dia 23, o concerto dos Algazarra Balcânica acompanhados pelos nossos maravilhosos Kumpania Algazarra – e assim, fica desvendado o mistério do porquê de não ir ver o meu nomada baladeiro. É que afinal, vou pular até se acabarem as pilhas! Lá vou estar eu, durante uma semana ou mais, com fortes dores musculares de forma a lembrar esta farra, à partida garantida.

os Reis nas 5 ás 5 e agora

em PRIMEIRO LUGAR DO TOP INGLÊS.





... por cá temos Tony Carreira numa subida galupante, enquanto o meu bom gosto se afronta, e luta contra uma queda vertiginosa.

e eu mais uma vez penso. epah, que bom que vou para Londres!

a menina pode não ser dotada de uma excelente voz, mas também não é de se bradar aos céus. a verdade, é que há qualquer coisa nela que nos prende e nos arrasta quando a ouvimos.
não sei se devido ao excelente gosto musical, visto que nomes como Tom Waits e Jeff Buckley estiveram presentes nos covers do seu primeiro albúm. ou se por agora andar de mãos dadas com o Pete Yorn com o qual até chega a dividir cama, como podemos ver.

resumindo, a miúda anda sempre muito bem acompanhada.



19.10.09

recomposta do choque e como a vida não pára, as decisões tomadas começam a ganhar forma...

SIM, TOMEI. SEM DÚVIDA ALGUMA!

16.10.09

o sono tarda.
elas andam aí, soltas e à deriva, completamente desenfreadas. já não me dão qualquer consolo por esta altura. opto por escrever. assim quase controlo. uma ideia seguida da outra.
pensamentos doseados à gota. um de cada vez.
os tios, logo os dois. ao par. foram para não mais voltar. gostava de ser impermeável à tristeza. ao choque.
não há fim não há fim não há fim. with no ruby shoes bato os calcanhares e cerro os olhos. não há fim não há fim não há fim. mas elas insistem. descontroladas. sem antevisão para se esgotarem.
o choque desse choque sem previsão que os levou e as minhas coordenadas prestes a mudarem. mais uma gota. Latitude 52ºN. Longitude 0ºN.
0ºN parece-me um bom agoiro. hoje tudo está perto. amanhã continuará perto. e depois, e no dia seguinte. e sempre. assim que o ar faltar posso sempre voltar. sem pânico. estou a 0ºN de longitude e a três toques de calcanhares.


apaziguado seja o que se entrega aos enganos.
o coração súplica um armistício e a escrita emudece o que só os elas conseguiram gritar.

o cansaço vence.

15.10.09

hoje acordei com esta.


14.10.09

onde eu não vou estar...


"A primeira parte da aguardada actuação de John Vanderslice no Santiago Alquimista, dia 23 de Outubro, vai ficar a cargo do nómada baladeiro, Samuel Úria."



um grandessíssimo

FUCK!

fonte: e-mail everything is new

13.10.09

(...)


Clementine: Was it something I said?
Joel: Yeah, you said "so go." With such disdain, you know?
Clementine:Oh, I'm sorry.
Joel: It's okay.
[Walking Out]
Clementine: Joely? What if you stayed this time?
Joel: I walked out the door. There's no memory left.
Clementine: Come back and make up a good-bye at least. Let's pretend we had one.
[Joel comes back]
Clementine: Bye Joel.
Joel: I love you...
Clementine: Meet me... in Montauk...



How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd.

Alexander Pope's poem "Eloisa to Abelard"

contagem decrescente

dia 15, Lux




o coração, se pudesse pensar, pararia
Fernando Pessoa

12.10.09

feliz, mas com um ligeiro trago a óleo de figado de bacalhau na boca

fui encomendar a minha máquina polaroid – ou melhor, fuji. visto que já não se fabricam as originais.
e lá vinha eu, toda contente com um sorriso meio parvo mas em riste e talvez um pouco exibicionista, quando vejo um sem-abrigo a comer restos dum caixote de lixo. não conseguindo ficar indiferente e como tinha um croissan na mala para o lanche, aproximei-me e perguntei:

posso oferecer-lhe este croissan que não me apetece comer?

não. Dê a quem precisa mais. eu já estou servido.

fiquei atónita e confusa. e mais uma vez, veio-me à cabeça a curta da Claudia Varejão – Falta-me.

...

está provado. Assim que uma mulher se irrita, o verniz estala. vai literalmente pelos ares. logo hoje que o meu vermelho-amor-paixão-desejo-loucura-pirata das unhas estava tão bonito.

disse. está dito, e sem pingo de arrependimento.
pode ser que seja desta que as pontas deixam de estar soltas e desenfreadas. e que o álcool deixe de servir de desculpa para a falta de carácter.

11.10.09




i figured
one day
i'd just wake up
and find out
what the hell yesterday
was all about.
i'm not
too keen on thinkin' about
tommorow.
and today's slipping by.

10.10.09

Très Bon


neste mês de Outubro, os holofotes estão virados para a

20 curtas-metragens em antestreia nacional, longas-metragens, uma exposição de fotografia, concertos, a passagem de quatro curtas na RTP, matinés na Cinemateca e o diabo a sete.

je ne parle pas français
But so far So good

9.10.09

a solidão de manhã é ouro
à tarde prata


à noite,
mata

7.10.09



Come on baby play me something like
Here comes the sun

6.10.09

devo ter deixado
uma ponta solta.
não fechei bem.
não tranquei
a sete chaves.
e por isso o passado
insiste em
vir ter comigo.
insiste
em não ser
passado,
dando luta.
não querendo
desaparecer.
não há modo de se
deixar ficar por lá,
arrumado e
escondido.
não
com isto,
que tenha sentido.
não senti.
ou o que senti
nada fez sentir.
mas desconjunta,
desmancha e
distorce a realidade
isso não é bom.
nunca é bom.
a realidade destorcida,
por assim dizer.

deves andar a comer lençois,
eu já te disse que os lençois
não são para comer.



a chuva

resolveu

dar tréguas

mas

as lágrimas

insistem

em

cair

.

5.10.09

quase 31

hoje foi dia de arrumações. para a direita o que é à direita. para a esquerda o que lá pertence. e sem demoras para o fundo do baú, o que já lá devia ter sido arrumado faz muito tempo. tempo demais. chega de palavras mansas, suplicadas e perdidas. chega de tentativas que perdem o rumo por falta de quem as queira receber.
fechar o barraco e correr as cortinas, de vez. o ciclo agora já sem retorno, diz adeus.

parem lágrimas que para nada servem. parem loopings emocionais que só deixam em pura náusea o que ainda resta.
a realidade prega rasteiras que fazem esfolar joelhos. cotovelos doridos. dedos cautelosos e coração já em farrapos, sem dó nem piedade.

e a maldade humana que não é assimilada de vez! que não ganha lugar nesta consciência e assim cria imunidade nesta carcaça que luta contra a inocência que ainda se faz sentir, isto, apesar da contagem decrescente para mais um cálculo de matemática da vida. as primaveras. que se contam e recontam e obrigam a um rescaldo. a um balanço do que se tem e do que não se tem. tão cruel quanto isso. os anos que passam e que não há maneira de trazerem o que outrora foi dado como garantido nos planos a longo prazo.

quase trinta e um.

trinta e um anos de possibilidades. de hipóteses. algumas agarradas, outras perdidas ou nem reconhecidas. serei um fracasso? terei fracassado? dúvidas e mais dúvidas de uma mente confusa e de um coração que já mal bate.
fraca.
fraquinha.
fraquíssima.
a maldade humana alimentasse disso. da fraqueza. e principalmente da franqueza com que é dito. a verdade choca. causa repúdio aos que têm dificuldades em lidar com ela. aos que se acham mais e melhores do que sentimentos que deixam a vulnerabilidade a pairar no ar. os muitos que se acham fortes e impenetráveis a carências e agem com uma arrogância que só essa passividade sentimental lhes traz. mas por outro lado é de supor que quem age assim, é porque também tem uma ferida escancarada que teima em não cicatrizar.
dá que pensar, não dá?
cada um resguarda-se do Mundo como melhor sabe. não aponto o dedo. não apontar o dedo foi uma lição que aprendi ao longo destes quase trinta e um. mas confesso que essa arrogância, subtil, mas presente neste meu estado de espírito que não sossega, revolta.
revolta este estado que tem sempre o impulso, de dizer, de gritar para não se calar. para não aceitar, inerte e permissivo.

já disse que estou quase a fazer trinta e um?

bem, vou arrumar tudo bem arrumadinho na gaveta que fica por detrás daquela que nunca abro. vou esconder tudo lá no fundo para não voltar a lidar. é isso que vou fazer. em vez tentar resolver o que não tem solução. vou esconder para esquecer.
longe da vista longe do coração.
olhos que não vêem, coração que não sente. os ditados populares têm sempre razão.

o povo sabe o que diz e hoje está a chover.

o sr. mexia é que sabe

Eu devia ter tido mais juízo

(...)

"I Should Have Known Better" (Jim Diamond) é a mentalidade masculina em quatro minutos e 12 segundos. Ele traiu a mulher que, segundo diz, amava. E no entanto, tirando as lágrimas e as desculpas, ainda diz asneiras e mais asneiras. Coisas como «dei umas voltas» (o indispensável eufemismo sexual). Coisas como «pensei que percebias» (pensei que percebias que os homens são inevitavelmente infiéis, vem nos genes e tal). Coisas como «não devia ter mentido a alguém tão bonito» (se ela fosse um trambolho não havia mal). Coisas como «agora és tu que me magoas» (como se virar costas a quem nos traiu fosse tão mau como trair alguém).
Dá ideia que o «eu devia ter sido mais sensato» do título não é arrependimento honesto: é apenas um fulano em estado de necessidade. Um fulano que não ganhou um pingo de maturidade com a experiência.
Quando eu era puto, em 1984, ouvia esta canção e tinha pena dele. Queria que ela voltasse.
Hoje ouço de novo e acho que ele foi um canalha. E não quero que ela volte. Quando era puto, achei que ele soltava aquele estranho «ai ai ai», como em português fazemos quando nos magoamos. Hoje, sei que ele diz «eu eu eu», como um homem patético. Passe a redundância.

Pedro Mexia in Nada de Melancolia
heartache and good intentions




a vida é hostil logo pela manhã
pedro paixão

2.10.09

porra, é mesmo bom este som!

30.9.09

Primeira Lomo e um segredo




a minha é prateada, de colecionador

Ao acordar o dia não se adivinhava tão cheio e bom. Posso até dizer que não esperava encontrar a felicidade na sua mais pura condição. Mas foi isso que aconteceu. Hoje encontrei a felicidade, não debaixo da primeira pedra, mas sim, por baixo do elevador de Santa Justa, ao cimo da rua do Alecrim e em todos os lados por onde estes pés fizeram questão de caminhar. Isto, porque comprei a minha primeira Lomo!
Ando bastante atrasada na moda, bem sei.
Mas ainda assim, e sempre a tempo, comprei a Colorsplash Chancras para tornar estes meus dias que têm sido tão grey, um pouco mais coloridos e cheios de alegria.
Daí, ter andado com uma ansiedade infantil a tirar o maior número de fotografias para terminar o rolo e poder mandar revelar e ver, as muito (pouco) artísticas photos de zonas típicas e pessoas tradicionais de Lisboa.

Não podia ser mais fantástico o conceito de tirar photos ao acaso. Quer a monumentos, prédios, bancos de jardim, estátuas, e principalmente, ao desconhecido que passa, que não se importa de deixar tirar a foto porque está convencido que a máquina é de brincar. Ou então acha que é uma qualquer arma de arremesso e oferece umas pilhas, porque o receio ao estranho obejecto já a estava a deixar em desassossego.
isto, numa lojinha no meio do Bairro alto:

...“ai menina que até pensei que me ia fazer mal! Leve lá as pilhas que eu já nem me estava a sentir em mim!”

Frase que me fez deitar um sorriso rasgado apesar de indignado, mas com efeito calmante para quem o viu, abrindo de seguida as portas para a pergunta hoje tantas vezes feita:
“não! é só uma máquina fotográfica!
posso tirar-lhe uma fotografia? E prometo que da próxima vez que cá vier trago a photo para lhe oferecer!”

Feita mais uma amiga e com umas pilhas de oferta, lá segui caminho entre um mundo de coisas que pediam para ser fotografadas. i love my funny lomo!
Quanto aos resultados... ficamos com um rufar de tambores.

Ah! Quanto ao segredo… pois sim. Hoje contaram-me um segredo. Ou melhor, não me contaram, eu é que sou muito inteligente e perspicaz e descobri tudo sozinha. Mas, contudo, não deixa de ser segredo, por isso, não posso contar! No entanto, é uma questão de tempo. Já não falta muito para poder pôr a boca no trombone.

A propósito de instrumento musicais. Hoje também passei pela Fnac do Chiado para encomendar o Dolls do Takeshi Kitano e um senhor que estava por perto iniciou uma conversa que durou cerca de meia hora, mas com a qual fiquei deliciada pela cultura cinéfila e literária.
Acabei por seguir uma das sugestões e trouxe mais um filme para a minha colecção.
O trompete o violoncelo. É um filme colectivo.
Mas mais não digo, a não ser depois de o ver.

29.9.09

palavra de escuteiro




fuck
fuck
fuck
dá raivinha
receber uma mensagem,
simpática,
engraçada,
cordial.
tão educada e
estruturalmente
bem pensada.
nem mais,
nem menos.
não houve palavra que sobrasse,
nem houve uma só palavra em vão.
mas a tradição
não há modo de ser quebrada
porque só uma corda vermelha liga,
o que um dia já
andou de mãos dadas


já houve uma. e não há duas sem três.

a cabeça aguenta, o coração resiste. diz a outra.


bang bang

28.9.09







ela tem dezassete, ele tem trinta e apaixonaram-se.
ela é a estranha menina prodígio do folk brasileiro, que canta johnny cash e dylan, ele tem barba e dispensa apresentações. quis conhecê-la e fez esta música.
fico com eles hoje, há coisas em que acredito.
uma ou duas por dia vão chegando.





chama-se lau nau.
ou laura naukkarinen
vem da finlândia com brinquedos e voz doce. intervala com um inglês manhoso que a torna querida, fala de mapas que nos levam onde não queremos bem ir, da mulher que se apaixona pela morte e de canções de embalar com cavalos.

quase que sinto um floco de neve no nariz e o cheiro a chá quente.


27.9.09


Ora então, o sol foi de pouca dura e confesso que não previa tal desfecho.
Talvez a memória do povo já tenha sido mais longa em tempos e o pote de ouro tenha estado no fim do arco-íris. Os planos saíram furados e a orquestra desafinada tomou o lugar do Cinema Paraíso no miradouro de São Pedro de Alcântara.

Noite salva pelo passeio em noite de verão pela avenida e o poder conciliar a playlist electro-pop-rock-punk mas sempre indie com uma vista de fazer os sentidos ficarem mais atentos e agradecidos. O Bairro Alto, as luzes a iluminar o castelo de São Jorge, o turista, o elevador da Glória, o grafitti que faz da rua uma tela de arte, o calor, a brisa e a pergunta em português com resposta em inglês.


Tudo espremido, fez valer a pena o esforço cívico derrotado, a frustração de não poder rever o Toto e a desilusão das pseudo-amizades vampirescas.

sons de domingo com raios de sol


Electrocute


Make The Girl Dance




Bag Raiders


26.9.09

mesmo quando não há agrafos no agrafador. mesmo quando está alguém a pagar as contas do mês no atm quando só quero levantar dez euros. mesmo quando decidem fechar o olho de boi no preciso momento em que estou a tomar banho. quando fico sem bateria enquanto espero o telefonema. e mesmo que parta o salto antes de chegar à reunião. mesmo quando percebo que o amigo está ser manipulado por um terceiro que mal me quer. mesmo quando me sugam as boas energias em nome duma amizade grande mas demasiado dependente. quando os trocos acabam e momentos são perdidos para sempre. mesmo que o quadro seja preto. mesmo que o buraco se tenha transformado em abismo e não tenha pára-quedas. mesmo que o relógio não tenha pilhas. mesmo que o copo meio cheio dê lugar ao vazio. mesmo que as flores murchem ora porque têm água a mais ou porque já sofreram de secura. mesmo que o menino da lágrima já não chore e o elvis nunca tenha vivido no magoito e já agora que os seis dedos dos pés da marilyn sejam mito. mesmo que tenham retirado do mercado os flocos de neve. mesmo que o george e a izy tenham morrido. mesmo que Portugal esteja a reinventar um watergate e que ainda não seja proibida a venda de peles verdadeiras e que haja pessoas que querem fazer da união de facto uma forma de desresponsabilização moral. mesmo que ainda hoje haja pessoas que gostam do napron e das flores de plástico quando nunca ouviram falar do kitsch só restando assim o piroso do período anterior a kundera. mesmo que ele nunca mais dance e agora sim seja um fantasma. mesmo que a casa não se venda e a mentira perdure. mesmo que o conceito de édipo não exista por estas bandas. mesmo que o amor não chegue e não tenha previsão marcada porque o coração está feito em cacus.
ora
eu estou bem
eu estou bem
eu estou bem

"always look on the bright side of life"

25.9.09

"Isn't life under the sun just a crazy crazy crazy dream?
isn't life just a mirage of the world
before the world, before the world?
why am i here and not over there?
where did time begin
where does space end
where do you and i begin?"

24.9.09

Porque me lembrei sem razão nenhuma em especial.

Andava eu à procura no Youtube da curta Falta-me para deixar aqui uma parte que me tocou profundamente, o preciso momento em que aparece um mendigo com um cartaz a dizer que não sabe o que lhe faz falta. Quando nós achamos que é TUDO! Ou até mesmo Lili Caneças. Que quando esperamos que a senhora diga que lhe faz falta algo fútil, ela responde: a minha filha.

Na falta De, encontrei este excerto do programa Fotograma da RTP. Em que Luísa Sequeira entrevista Cláudia Varejão sobre o seu novo trabalho apresentado no Indie Lisboa – que, com muita pena minha, não tive a oportunidade de ir ver.

No entanto, e ao longo da entrevista, é feita referência ao trabalho de 2005 – Falta-me.

Sem razão em especial, ou talvez porque não faz muito tempo, ouvi uma entrevista feita pela Inês Meneses na Radar, no Fala com Ela. E se já tinha admiração pela realizadora, desde então, essa admiração estendesse também à pessoa. Simplesmente fascinante.




E não é que para meu regozijo, também tropecei no menino de ouro português banhado em Cannes





Portugal explode de talento!

Pena que não lhes seja dado o devido valor e apoio.

23.9.09



além de gostar da voz do moçito

confesso que me faz bater pé e

baloiçar o esqueleto.

tudo isto,

com um ligeiro sorriso nos lábios

e quando um cover é melhor que o original? a meu ver, bem sei

original




cover


meninas pequeninas e tão dotadas. de cortar a respiração.

cuidado.

22.9.09

até outro dia bonequinha

R.I.P



1934-2009

dá um certo arrepio nostálgico...

Can't you hear a cry for love?

"estás ai?
consegues ouvir-me?
tive o sonho mais estranho de sempre, ainda está tão vivo na minha cabeça.
estávamos dentro de um carro, mas nenhum de nós estava a conduzir.
estávamos os dois no banco de trás e o volante virava à medida que o carro avançava, tu olhavas para mim silenciosamente,a tua mão na minha. senti que me querias dizer qualquer coisa.
parecias distante, tinhas um sorriso imensamente triste. de repente abriste a janela do carro e entraram centenas e centenas de pássaros de todas as cores.
entrei em histeria e, no meio daquela confusão, tu disseste uma coisa que soou a sussuro.
disseste:

não tenhas medo; não tenhas medo... "

além de andar à procura de uma menina que vá para o lugar da Ritinha, o menino voltou a fazer das suas. este é o single de apresentação do novo album. gosto. gosto mesmo porra.

18.9.09

"isto, o quê?
isto.
o amor?
talvez.
o amor?
sim, pode ser isso. quando é que começou?
começou antes de ter começado.
e depois?
e depois não acabou quando devia acabar. durou mais tempo. o coração bate mais tempo. não há maneira de parar o coração.
e então?
e então é assim. não há muito que se possa fazer. pode-se esperar.
pode-se esperar?
sim, pode-se esperar. sem saber o que se espera, por exemplo.
isso é ainda pior.
é.
e então?
o que é que tu queres saber?
gostava de saber.
eu também gostava de saber. mas o que se sabe é muito pouco. quase nada."


pedro paixão in Muito, meu amor

17.9.09



quem muito ri de manhã, chora à noite - já dizia a minha avózinha...

15.9.09

it's a feeling; a heartbeat


18.08.1952 - 14.09.2009

14.9.09

ela:
pois, temos de te arranjar um gajo em condições

eu:
pois, temos

ela:
quais os requisitos necessários?

eu:
já nem sei... acho que não quero um grunho

ela:
ok
já é um começo

eu:
tem de ter um certo glamour-geek e tem de ter sentido de humor. o resto logo se vê
ah! e não quero gajos giros, estou farta de gajos giros

ela:
tenho de ver se o jorge tem algum amigo desimpedido com essas características
nas festas dele há sempre imensa gente interessante

eu:
mas sem pressas que agora estou cansada
farta
exausta destes filmes que não levam a lado nenhum
desisto

ela:
não desistas
mas a verdade é que tu tens um íman para cabrões

eu:
eu estou amaldiçoada
vou sofrer de "uma constante abstinência de amor"
lol

ela:
lol
tens de quebrar essa maldição

eu:
não sei como...

ela:
tem calma
cada panela tem a sua tampa só tens que encontrar a tua

eu:
o que seria de mim, sem ti

12.9.09

Oh do you have a story
Do you have a story for me?
Do you know the one where
We'll all live happily

Do you, do you
Do you, do you

9.9.09

Hoje acordei entre raios e trovões.

Acho que já há muito tempo não sentia aquele medo infantil e, de certo modo quase irracional, de pôr a cabeça por debaixo da almofada e tapar-me até ás orelhas usando o lençol como escudo.
Sim, já desde pequena que acredito que entre mim e o mundo dos monstros, existe um lençol que me proteje de todos os males.



8.9.09


deixo aqui uma pequena sugestão ao pseudo-engenheiro sócrates;
e que tal esta músiquinha para a campanha eleitoral, hein?

onde já se chega só para atrair eleitorado....







não posso deixar de dizer, que sou completamente a favor da relação, união ou casamento, de pessoas com o mesmo sexo. para mim é obrigatório que sejam abrangidos pelos mesmos direitos e obrigações que pessoas de sexos diferentes.

uma ideia contrária é pura ignorância.

mas já estou a imaginar o sócrates com esta bela fatiota, na fila da gay-parade! - ou será bicha???

imagem, literalmente roubada do vizinho, WE HAVE KAOS IN THE GARDEN, que aproveito para dizer que tem muitos mais trabalhos, tão ou mais excelentes do que este. o blog é do melhor! por favor não levante um processo contra a minha pessoa por uso não autorizado de imagens com direitos de autor ou apropriação indevida

obrigada



hoje
sonhei que estávamos na praia

eu
tinha os meus óculos à J.kennedy e
as unhas dos pés pintadas de rosa-fuchia
tu
exibias o mais doce dos olhares

afagavas o meu rosto e
chamavas-me querida
com esse teu tom
que dá sentido à palavra

subitamente sentia-me banhada por um calor imenso
na mais atrevida e pueril existência



mas como a realidade se remete a quatro paredes e processos a preencher a secretária, o melhor é aumentar o volume do rádio!

7.9.09


a dois



ele:
nem te vou dizer o quanto tinha saudades tuas para não te zangares comigo

ela:
podes dizer, eu não me zango

6.9.09

tragam cá a miúda
que estes pézinhos descompassados e trapalhões vão gostar

5.9.09

porque ainda é o teu dia

a curiosidade anseia a história de cinco de setembro do ano em que já tardavas e o mundo te queria.

porque ainda é o teu dia

sinto-te a falta mais porque estás dentro dos risos, dos pratos de mão em mão, do carinho, do bolo de ananás, no sopro que apaga a vela. rituais dos quais não faço parte.

porque ainda é o teu dia

lembro o cuidado com que manuseias a tua memorabilia em segundos em que mais nada importa. de respiração suspensa, dedos cautelosos e sorriso de miúdo na mais bonita das partilhas.

porque ainda é o teu dia

imagino-te, humilde, a detestar a atenção que sobre ti recai e te põe ainda mais bonito e inocente, e faz-me ver à distância o consenso que é gostar de ti, o quanto por todos és querido.


porque ainda é o teu dia

acredito que és um vaivém como o quadro no passos manuel. mas só a segunda sílaba me conforta. a primeira lembra-me a todo o tempo a falta que me fazes.


parabéns.

4.9.09

com amor e por amor, à dança, à arte ao belo.


corpos concubinados, espíritos rendidos.



ao ver o P. Swayze é impossível não me reportar, cheia de emoção, aos tempos do Darty Dancing. mas por muito que os olhos agradeçam, os ouvidos choram quando o menino insiste em fazer músicas para a banda sonora...

3.9.09

porra é impossivel não sorrir



Tonet, diz que as pessoas entram na nossa vida por acaso, mas que não é por acaso que elas permanecem.


Pergunto: e as que contra a nossa vontade deixam de fazer parte dela? As que não há dia que passe sem deixarmos de esboçar um sorriso escondido pelo despropósito de uma lembrança que se decidiu colar à memória e se recusa a cair no esquecimento.


Luto contra a ideia de acreditar que a vontade de me manter ligada já ultrapassou o ridículo. Que a falta de bom-senso se apoderou de mim.

Mas qual é o limite de palavras e actos envergonhados que se podem atirar sem retorno até que a mão se dê à palmatória e decida aceitar que não existe forma de segurar o que não quer ser segurado?


Não há muito tempo atrás, a resposta a qualquer pergunta que envolvesse admitir o que realmente sentia, era vomitada por mim como algo fora de prazo, acho que andava zangada com os dias e com as noites, com as horas e os minutos.


Mas quando confrontada com a ideia de perder, algo em mim dobrou, cedeu e acedeu à mão que se estendeu do coração que gritou e decidiu dizer o que antes não tinha coragem sequer pensar.


Julgo que foi um processo de regeneração, tipo o rabo da lagarta.


Benigni no filme O Tigre e a Neve ou o Massimo n'O Carteiro de Pablo Neruda, as suas personagens, decidem ser poetas por terem descoberto que escolhendo bem cada palavra, conseguiam fazer sentir através de metáforas ou jogos linguísticos, a alegria desmedida com um pequeno pássaro, um revolucionário amor ou uma eterna devoção.


De certa forma, julgo que é com essa humilde e desconjuntada pretensão que por vezes aqui escrevo e deixo um pedaço de mim, que afirmo a minha tristeza com determinados actos ou ausência deles.Sabendo de antemão o risco de me expor, sem medo, escrevo sempre o que me vai na alma, o que não se descola da minha memória e, por vezes, até o que o meu corpo sente falta.


As minhas paixões tornam-se públicas, os meus "desamores" são escrutinados por terceiros sem dó nem piedade e as amizades desmanchadas são assim perpetuadas para o bem e para o mal, contudo, sinto-me sempre mais leve. De certa forma foi feita justiça. Disse o que não podia ser guardado mesmo não tendo sido ouvido, mas digo.


Afinal, escrever é a melhor forma de falar sem ser interrompida.